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SEGURANÇA PÚBLICA

Cachorra vira-lata se torna cão perito e ajuda a polícia a identificar sangue em cenas de crime

Savana, resgatada em São José dos Campos, passou por treinamento de dois anos e agora atua como especialista da Polícia Científica de SP.

22 julho 2025 - 13h15Giovanna Castro
Savana, a cadela que foi resgatada das ruas e virou perita da Polícia Civil de SP
Savana, a cadela que foi resgatada das ruas e virou perita da Polícia Civil de SP - Foto: Divulgação

Uma cachorra vira-lata resgatada em São José dos Campos ganhou não apenas um lar, mas também uma profissão que a coloca ao lado dos peritos criminais da Polícia Científica de São Paulo. Após dois anos de treinamento intensivo, Savana se tornou o segundo cão perito da corporação, especializada em farejar e identificar sinais de sangue humano, mesmo aqueles não visíveis a olho nu, em cenas de crimes contra a vida.

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A história de Savana começou quando ela foi encontrada em péssimo estado de saúde, desnutrida e abandonada nas ruas da cidade. O responsável por seu resgate foi João Henrique Machado, perito criminal e médico veterinário, que trabalha há cinco anos no Instituto de Criminalística de São José dos Campos. Ele estava acostumado a usar cães para biodetecção de vestígios biológicos em investigações, e ao conhecer Savana, percebeu o potencial do animal para ser treinado como cão perito.

“Na época, ela estava muito debilitada. Eu a tratei inicialmente com a intenção de entregá-la para um programa de adoção. Mas logo percebi que ela tinha um faro aguçado e um espírito curioso, o que me fez pensar que ela poderia ser treinada para o trabalho policial”, disse João Henrique. Depois de ser cuidada e recuperada, Savana iniciou sua jornada no treinamento especializado, focado em detectar vestígios de sangue humano.

Treinamento e especialização

O treinamento de Savana incluiu atividades de obediência, recreação e, principalmente, detecção em diversos ambientes. O objetivo era reproduzir os cenários comuns encontrados nas investigações criminais, como veículos, grandes áreas como sítios e peças de roupas, para que o cão perito estivesse preparado para qualquer situação.

A utilização de cães na perícia criminal, como Savana, é um projeto pioneiro no Brasil. A técnica tem se mostrado eficaz e mais barata do que os métodos tradicionais utilizados pelos peritos, como o luminol. O luminol é um produto químico que reage com o ferro presente no sangue e emite uma luz fluorescente para identificar vestígios, mas não é eficaz em áreas muito iluminadas ou com amostras diluídas, além de ser caro.

"Os cães são mais precisos para encontrar vestígios de sangue humano, principalmente em locais de difícil acesso. O Mani, primeiro cão da equipe de peritos, já identificou manchas de sangue seis meses após o crime em um veículo e até um ano depois, em uma camiseta", contou João Henrique. A habilidade dos cães de detectar vestígios em situações extremas é um grande diferencial nas investigações, já que eles conseguem identificar o sangue mesmo após a tentativa de remoção ou quando o vestígio não é visível.

Projetos futuros e a importância da formação

João Henrique Machado também desenvolve um projeto de mestrado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) para estabelecer um protocolo formal de treinamento e uso de cães peritos pela Polícia Científica de São Paulo. O objetivo é que, no futuro, cada núcleo da polícia tenha seu próprio cão para ajudar nas investigações de campo.

Para se tornar um cão perito, o animal precisa ter características específicas: foco, determinação, socialização, alto nível de energia e a disposição para executar as tarefas repetidamente. A escolha de cães é feita com muito critério, e, geralmente, os animais são resgatados de canis municipais. "Cães muito agressivos ou grandes demais são evitados", explicou a SSP.

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