
Mesmo com campanhas, leis e ações de conscientização, o desconhecimento sobre a violência contra a mulher ainda é alto no Brasil. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Natura e pela Avon mostra que 62% dos brasileiros afirmam não saber como ajudar uma mulher em situação de violência.
O levantamento, feito entre junho e agosto com mais de 4 mil pessoas de todas as regiões do país, também aponta que apenas 38% dizem ter algum conhecimento sobre os tipos de violência — como física, psicológica, moral, patrimonial e sexual — e sobre os canais de denúncia. Entre os entrevistados, 40% não lembram de ter visto nenhuma campanha sobre o tema no último ano.
Um dos dados mais preocupantes do estudo é que 4 em cada 10 mulheres não reconhecem, de forma espontânea, situações de agressão que já viveram como episódios de violência. Isso reforça o problema da naturalização e da invisibilidade da violência doméstica.
A pesquisa também apontou que apenas 29% da população apresentou alto nível de conscientização sobre o tema, enquanto 28% demonstraram baixo ou muito baixo conhecimento. O índice considera o nível de informação, atitudes diante de casos de agressão e valores sociais sobre o assunto.
Para Beatriz Accioly, antropóloga do Instituto Natura, ainda há uma visão distorcida de que esse é um problema restrito à vida privada. "Muitos ainda tratam a violência contra mulheres como algo doméstico, quando, na verdade, é uma questão social que exige resposta coletiva", destaca.
Entre o discurso e a realidade - Embora 98% das mulheres afirmem que tomariam alguma atitude se sofressem violência, a realidade mostra outro cenário. Entre as que já viveram esse tipo de situação, apenas 73% buscaram ajuda — e a maioria fez isso de forma particular, sem formalizar denúncia ou acionar a polícia.
Além disso, 60% dos brasileiros ainda acreditam que conflitos de casal devem ser resolvidos entre os próprios parceiros. E 15% afirmam que não se envolveriam em casos de agressão por considerarem o assunto "alheio".
Embora o levantamento tenha abrangência nacional, os dados também refletem o desafio enfrentado em estados como Mato Grosso do Sul, onde o índice de feminicídios e agressões registra oscilações preocupantes nos últimos anos. O desconhecimento sobre canais de denúncia, como a Central 180, ainda é um entrave no combate à violência.
A Central de Atendimento à Mulher está disponível todos os dias, 24 horas por dia, e garante anonimato. Veja como entrar em contato:
• Telefone: 180
• E-mail: central180@mulheres.gov.br
• WhatsApp: (61) 9610-0180

