O Brasil figura na sétima posição entre os países mais violentos do mundo, de acordo com o novo Índice de Conflito divulgado pela organização internacional Armed Conflict Location & Event Data (Acled), nesta quinta-feira (11). A entidade, que monitora a violência global com apoio da ONU, classificou a situação brasileira como de conflito “extremo”, ao lado de nações em guerra ou sob forte instabilidade institucional, como Palestina, Mianmar, Síria e México.
O levantamento é baseado em quatro critérios principais: letalidade, risco à população civil, difusão geográfica dos conflitos e número de grupos armados atuantes. Os dados coletados referem-se ao período de 1º de dezembro de 2024 a 28 de novembro de 2025.
Segundo a Acled, o Brasil registrou 9.903 eventos de violência política nos últimos 12 meses — um conceito que abrange o uso da força com motivação política, social, territorial ou ideológica. Estão incluídos nesse total atos como violência contra civis, repressão violenta a protestos e ações de grupos armados.
Apesar da gravidade, o Brasil caiu uma posição em relação ao ranking anterior. No entanto, segue à frente de países como Ucrânia e Sudão, que enfrentam conflitos armados intensos. O principal fator de agravamento da situação brasileira, segundo a análise, é o avanço da violência ligada a gangues criminosas, um fenômeno também observado em outros países da América Latina, como Equador, México e Haiti.
A Acled aponta que, assim como no Brasil, a atuação de facções e grupos armados é um dos principais motores da violência no Equador, que saltou 36 posições em um ano. Lá, quase 40 gangues estiveram envolvidas em mais de 2.500 ataques contra civis no período analisado.
No topo do ranking, a Palestina foi classificada como o território mais violento do mundo, com quase toda a população exposta a episódios de agressão. A região também lidera em difusão geográfica da violência, com registros em 70% da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Em termos de letalidade, perde apenas para Ucrânia e Sudão.
A segunda posição ficou com Mianmar, seguido por Síria, México, Nigéria e Equador. O Brasil aparece na sétima colocação, seguido por Haiti, Sudão e Paquistão.
Ao todo, a Acled registrou 204.605 eventos violentos em 240 países e territórios no último ano, número levemente inferior aos 208.219 registrados no ciclo anterior. A estimativa conservadora é de que esses conflitos tenham causado mais de 240 mil mortes no mundo entre dezembro de 2024 e novembro de 2025.
Além do ranking atual, a Acled também publicou uma projeção com dez países e regiões que devem enfrentar crescimento da instabilidade política, conflitos armados e crises humanitárias em 2026. A América Latina e o Caribe aparecem na lista, impulsionados por um cenário de crescente militarização e pressão geopolítica, especialmente dos Estados Unidos, o que pode intensificar ainda mais os episódios de violência na região.
