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OPERAÇÃO PANTANAL 2024

Boletim da Operação Pantanal 2024: onde o fogo não dá trégua, e os bombeiros correm contra o tempo

Bombeiros seguem combatendo incêndios no Pantanal em meio à pior seca dos últimos 70 anos. Mais de 2 milhões de hectares já foram queimados em 2024.

1 outubro 2024 - 12h03Ricardo Eugenio
A Operação Pantanal 2024 mobiliza 138 militares do Corpo de Bombeiros de MS, mais 88 da Força Nacional, além de forças de segurança e brigadistas.
A Operação Pantanal 2024 mobiliza 138 militares do Corpo de Bombeiros de MS, mais 88 da Força Nacional, além de forças de segurança e brigadistas. - (Divulgação - CBMMS)

É uma batalha desigual. De um lado, as chamas, alimentadas por ventos que sopram a até 50 km/h e temperaturas que beiram os 42ºC. Do outro, bombeiros, soldados, drones e aviões-tanque, todos reunidos em um esforço de proporções quase épicas para evitar que o Pantanal e outros biomas de Mato Grosso do Sul virem cinzas. Nesta segunda-feira, 30 de setembro de 2024, mais um boletim foi divulgado, e a sensação é de que, apesar dos números alarmantes, as equipes de combate ao fogo estão, aos poucos, ganhando terreno.

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Mas a natureza é imprevisível, e o clima, hostil. O vento muda de direção, e novos focos de incêndio surgem, como em Aquidauana, onde os bombeiros foram chamados para conter um incêndio que insistia em crescer. Em Miranda, outra equipe luta para apagar o fogo na beira do Rio Aquidauana, enquanto em São Gabriel do Oeste, entre morros e fazendas, as chamas se espalham e exigem mais reforços. E assim, a Operação Pantanal segue seu curso, enfrentando um dos períodos mais secos dos últimos 70 anos.

Quando o fogo cede, mas o perigo continua - Em Corumbá, por exemplo, o fogo no Morro da Antena foi controlado, mas a equipe permanece no local monitorando, como se já soubesse que a trégua pode ser curta. O mesmo acontece em Costa Rica, onde um foco dentro do Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari foi extinto graças à ação conjunta da prefeitura de Alcinópolis e dos bombeiros. No entanto, os drones sobrevoam a região, garantindo que nada volte a arder. A qualquer momento, o vento pode trazer de volta o pesadelo.

O cenário é sempre o mesmo: calor, seca e áreas de vegetação que se tornam combustível natural. As regiões de Maracaju e Rio Brilhante já mostram sinais preocupantes, com novos focos aparecendo. A atenção total está voltada para cada detalhe: satélites, monitoramento por drones, e os olhos atentos dos bombeiros e brigadistas, que sabem que qualquer faísca pode significar dias de trabalho exaustivo.

A força por trás da operação A Operação Pantanal 2024 reúne mais do que apenas bombeiros do Mato Grosso do Sul. São 138 militares do Corpo de Bombeiros do estado, mais 88 da Força Nacional, além do suporte da Marinha, Exército, Força Aérea, Polícia Federal e brigadistas do Ibama e ICMBio. No total, são 46 veículos, entre aeronaves, caminhonetes e barcos, trabalhando em várias frentes para apagar incêndios que, de tão comuns, se tornaram parte do cotidiano pantaneiro.

Desde abril de 2024, já foram realizadas 734 ações de combate direto ao fogo e 523 ações de prevenção. O que parece uma guerra sem fim na verdade esconde algumas vitórias. Os números, embora ainda assustadores, mostram que a situação poderia ser pior. Até agora, 11.466 focos de calor foram registrados por satélite em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, uma redução de 29,4% em comparação com o mesmo período de 2020, o ano que marcou o pior episódio de queimadas no Pantanal.

Ainda assim, a área queimada em 2024 chega a 2.024.325 hectares, um número que impressiona, mas que é 20,3% menor do que o registrado quatro anos atrás. Os números são frios, mas refletem a dimensão do desafio: há menos queimadas, mas o fogo ainda consome hectares e mais hectares de vegetação, levando consigo a biodiversidade e ameaçando a vida das comunidades locais.

Um Pantanal em chamas e um futuro incerto - O Pantanal de Mato Grosso do Sul, com seus 9 milhões de hectares, corresponde a 65% do total do bioma, que também se estende por Mato Grosso, Paraguai e Bolívia. Uma das maiores áreas úmidas do mundo, o Pantanal enfrenta uma das secas mais severas dos últimos 70 anos, e o resultado dessa estiagem prolongada é devastador. Enquanto os bombeiros combatem o fogo, a pergunta que fica é: como proteger um bioma tão vasto e tão vulnerável de um futuro incerto?

Os satélites e drones são os olhos da operação, mas no fim, quem sente o calor das chamas na pele são os bombeiros e brigadistas que lutam para preservar o Pantanal. Cada hectare salvo é uma vitória, mas a batalha está longe de acabar. Até quando o Pantanal vai resistir?

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