SEBRAE
CASO ULTRAFARMA

Auditor investigado por corrupção na Fazenda de SP é exonerado após pedir desligamento do cargo

Artur Gomes da Silva Neto seguirá respondendo a processo disciplinar mesmo após saída formal do serviço público

21 agosto 2025 - 10h15Rayssa Motta e Fausto Macedo
Auditor Artur Gomes da Silva Neto foi exonerado após ser preso por suspeita de liderar esquema de corrupção na Secretaria da Fazenda de SP
Auditor Artur Gomes da Silva Neto foi exonerado após ser preso por suspeita de liderar esquema de corrupção na Secretaria da Fazenda de SP - (Foto: Reprodução)

A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo publicou nesta quinta-feira (21), no Diário Oficial, a exoneração, a pedido, do auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, alvo da Operação Ícaro e suspeito de chefiar um esquema de corrupção que teria movimentado mais de R$ 1 bilhão em propinas.

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Silva Neto havia solicitado o desligamento do cargo no início da semana. Apesar de ter o pedido atendido, ele continuará respondendo a um processo administrativo disciplinar aberto pela Corregedoria da pasta. A depender do desfecho, a exoneração poderá ser convertida em demissão por justa causa, o que implicaria restrições adicionais, como a proibição de ocupar futuros cargos públicos.

Operação Ícaro e suspeitas contra o auditor - De acordo com o Ministério Público, Artur Silva Neto liderava um esquema dentro da Divisão de Fiscalização da Secretaria da Fazenda. Ele é acusado de cobrar propinas de empresas varejistas em troca de orientações e liberação de créditos de ICMS. As investigações apontam que o valor total movimentado pelo grupo ultrapassa R$ 1 bilhão.

Entre os nomes citados estão o empresário Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, e o executivo Mário Otávio Gomes, diretor estatutário da Fast Shop. Ambos foram presos temporariamente, mas seguem em prisão domiciliar. A investigação também envolve outras grandes redes do varejo.

Durante as buscas realizadas na casa do auditor, os investigadores apreenderam uma carta escrita à mão, na qual Silva Neto expressa preocupação com novas liberações de tributos, afirmando que poderia ser descoberto. O documento foi interpretado pelo Ministério Público como uma confissão indireta da prática ilícita.

Na carta, o auditor descreve sua situação como “muito perigosa” e se mostra receoso com futuras autorizações de restituição de impostos. Segundo os promotores, o conteúdo reforça os indícios de que ele sabia da ilegalidade das ações e temia ser flagrado.

Os advogados de Artur utilizaram o pedido de exoneração como argumento para tentar revogar a prisão preventiva. A defesa alega que, uma vez fora do cargo, o auditor não representaria mais ameaça à investigação.

Além disso, foi anexado ao processo um laudo médico com diagnóstico de depressão, apresentado como mais um argumento para a soltura.

O Ministério Público, no entanto, é contrário à liberação. Os promotores sustentam que Silva Neto, se solto, pode tentar ocultar provas, apagar rastros do esquema ou até influenciar outros investigados, dificultando o avanço do inquérito.

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