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Durante coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta-feira (23), em Campo Grande, o Governo de Mato Grosso do Sul confirmou que a onça-pintada responsável pela morte de Jorge Avalo, de 60 anos, será capturada e encaminhada ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS). A ação ocorre após o ataque registrado na região de Touro Morto, às margens do rio Miranda.

O caso chamou atenção por envolver um ataque direto a um ser humano, algo incomum no comportamento das onças-pintadas. A situação ganhou ainda mais destaque quando, durante as buscas pelo corpo, equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA) foram surpreendidas pela própria onça, que se aproximou do local e fugiu em seguida.
Participaram da coletiva o secretário executivo de Meio Ambiente da Semadesc, Artur Henrique Leite Falcette, e o comandante da Polícia Militar Ambiental, Coronel Edmilson de Oliveira Rodrigues, que detalharam as ações de captura e segurança na área.
O caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, que morreu após ser atacado por uma onça às margens do rio Miranda, em Aquidauana (MS).
Captura será feita com base em avaliação técnica - O secretário executivo de Meio Ambiente da Semadesc, Artur Henrique Leite Falcette, explicou que o animal será capturado e passará por exames no CRAS. Segundo ele, a decisão sobre o destino do animal dependerá da avaliação clínica. “Dependendo das características que o animal apresentar aqui no CRAS, a equipe técnica vai definir para qual programa ele deve ser encaminhado”, afirmou.
Ele explicou que existe uma rede nacional que recebe animais silvestres que passaram por incidentes com humanos: “Existe uma linha no governo federal de manutenção de animais em cativeiro, específico para animais que tiveram algum tipo de incidente com humanos. Isso depende da avaliação feita aqui no CRAS.”
Confira como foi a coletiva:
Identificação e localização do felino - De acordo com Falcette, há três onças na área, mas apenas uma é considerada suspeita direta do ataque: “Ele é um macho. Isso já restringe a busca da equipe. É o único entre os três animais que está atuando mais próximo da sede. Retornou essa noite. Tem imagens, pegadas, e esse animal se movimentando por ali.”
A captura será feita em um raio próximo da sede da fazenda, e não no local exato onde o corpo foi encontrado: “A equipe optou por não levar as armadilhas para o Capão (parte de mata mais fechada no meio do campo), porque outros animais estavam ali aproveitando da carcaça.”
Polícia Ambiental precisou conter onça-pintada a tiros para resgatar corpo de caseiro atacado no Pantanal
Alimentação irregular pode ter contribuído - Durante a coletiva, Falcette alertou que havia ceva no local — ou seja, alimentos deixados propositalmente para atrair animais, o que pode ter influenciado o comportamento da onça. “Uma das poucas certezas que a gente tem em relação ao caso é que estava sendo feita a ceva para o animal no local. Além de ser crime ambiental, é perigoso e pode causar distúrbios de comportamento nesses animais.”
Sobre a saúde do animal - Falcette disse que a hipótese de doença foi descartada pelos especialistas, e que o comportamento agressivo pode estar ligado à idade e limitações físicas do animal: “A hipótese mais forte é que se trate de um animal velho, com fratura de canino ou dificuldade de locomoção, e que, por isso, tem dificuldade de caçar e muda o comportamento.”
Local onde foi encontrado o corpo do caseiro, distante 280m do pesqueiro, Pantanal de Miranda
Área continuará aberta - As autoridades confirmaram que a região onde o ataque ocorreu continuará acessível, por ser uma propriedade privada em área de pesca, e que não há previsão de interdição. “A gente está ali dentro de uma região prioritariamente de preservação. Mas é uma propriedade rural. Temos que garantir o livre acesso. Não existe motivo para falar em predação do animal. É uma excepcionalidade.”
Policiais ambientais ao lado dos restos mortais do caseiro Jorginho.
Reforço na fiscalização - A PMA alertou que matar a onça é crime ambiental e que a área está sendo monitorada para evitar qualquer ação contra o animal: “Se isso acontecer, a pessoa será responsabilizada. O Estado está tomando providências para capturar o animal, estudar o comportamento e evitar novos casos.”
Placa instalada pela PMA alerta para os riscos de alimentar onças-pintadas no Pantanal. A prática, conhecida como ceva, é crime ambiental e pode alterar o comportamento dos animais, aumentando o risco de ataques.
