
Investigação da Polícia Civil de Mato Grosso aponta que a adolescente de 15 anos, apreendida na noite de segunda-feira (30) em Água Boa (MT), também planejava matar a própria mãe. A jovem é namorada virtual do adolescente de 14 anos que confessou ter assassinado os pais e o irmão de 3 anos em Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro.

Segundo o delegado Matheus Soares Augusto, responsável pela apuração, os dois mantinham um relacionamento há cerca de seis anos, iniciado em jogos online. Durante as conversas analisadas pela polícia, ficou evidente que, após o triplo homicídio, o casal discutiu a possibilidade de cometer outro assassinato — desta vez, contra a mãe da adolescente.
“Eles conversavam sobre formas de matá-la, caso o garoto conseguisse viajar ao Mato Grosso”, afirmou o delegado. O plano, de acordo com ele, foi detalhado nas mensagens trocadas pelo casal, que também falava sobre o crime no Rio de Janeiro em tempo real.
De acordo com as investigações, o garoto cometeu os assassinatos porque os pais se opunham ao relacionamento virtual e haviam impedido uma viagem ao Mato Grosso para conhecer a jovem. Ele aguardou que os pais e o irmão dormissem, pegou uma arma registrada no nome do pai — que tinha autorização como CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) — e matou os três.
O crime chocou o país pela frieza e pela forma como foi planejado. Durante a ação, o adolescente trocava mensagens com a namorada, que incentivava os homicídios, segundo os investigadores. O caso ganhou novos contornos com a descoberta de que ela também cogitava matar sua própria mãe.
Ao ser comunicada pela Polícia Civil sobre a possível participação da filha nos planos de homicídio, a mãe da adolescente demonstrou incredulidade. “Ela afirmou que a filha é uma menina exemplar, que tira boas notas e está sempre ao seu lado”, relatou o delegado.
A adolescente segue apreendida na Delegacia de Água Boa, à disposição da Justiça. O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público e pela Vara da Infância e Juventude da região.
De acordo com a advogada criminalista Pamela Villar, a adolescente poderá responder por atos infracionais análogos a homicídio, caso fique comprovado que teve papel determinante na morte da família do namorado. “Mesmo não tendo executado os crimes, o incentivo direto pode configurar coautoria”, explicou.
O caso segue em investigação nos dois estados, com cooperação entre as polícias civis do Rio de Janeiro e do Mato Grosso.
