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03 de outubro de 2025 - 18h23
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BEBIDA FALSIFICADA

Estudo aponta que 1 em cada 5 garrafas de uísque ou vodca vendidas no Brasil é falsificada

Casos de intoxicação por metanol se espalham pelo país e já há registro de morte suspeita na Bahia

3 outubro 2025 - 16h25José Maria Tomazela
Estudo aponta que 1 em cada 5 garrafas de uísque ou vodca vendidas no Brasil é falsificada
Estudo aponta que 1 em cada 5 garrafas de uísque ou vodca vendidas no Brasil é falsificada - Foto: Reprodução

Uma em cada cinco garrafas de uísque ou vodca vendidas no Brasil é falsificada, aponta estudo da Euromonitor International para a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD). O dado vem à tona em meio ao aumento de notificações de intoxicação por metanol em diferentes estados. Nesta sexta-feira (3), a Bahia registrou a primeira morte suspeita ligada ao consumo da substância.

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As ocorrências começaram em São Paulo e já atingem Pernambuco, Distrito Federal e Paraná. No total, são 53 casos em SP, 6 em PE, 1 no DF, 1 no PR e agora 1 óbito na Bahia.

O levantamento mostra que 28% do volume de bebidas destiladas no Brasil é afetado por crimes como sonegação fiscal, contrabando, falsificação ou produção sem registro.

Como funciona a falsificação

Segundo o estudo, os dois métodos mais comuns são:

Refil de garrafas de marcas reconhecidas, mas com líquidos de baixo custo.

Produção com álcool impróprio para consumo, como o metanol, altamente tóxico.

O preço é o principal atrativo: bebidas falsas chegam a ser 35% mais baratas em pontos de venda físicos e até 48% mais baratas em vendas online.

Para João Garcia, gerente de consultoria da Euromonitor, a falsificação persiste devido à alta carga tributária, falhas na fiscalização em grandes territórios, sofisticação das redes criminosas e expansão do comércio informal e digital.

A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) levantou que o metanol usado para adulterar bebidas pode vir de distribuidoras de combustíveis ligadas ao PCC. Segundo a entidade, após operações que restringiram o uso do produto em combustíveis, parte do metanol teria sido redirecionada a destilarias ilegais.

O governador de São Paulo, no entanto, descartou ligação direta com a facção criminosa.

Emergência médica grave

A intoxicação por metanol é considerada uma emergência médica. Quando ingerido, o composto se transforma em substâncias como formaldeído e ácido fórmico, que podem causar morte ou cegueira.

Principais sintomas:

Visão turva ou perda da visão;

Náuseas, vômitos, dores abdominais;

Mal-estar geral e sudorese.

O Procon-SP anunciou que vai intensificar operações em bares, restaurantes, adegas, supermercados e casas noturnas. As inspeções serão realizadas em parceria com o Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC).

Além de verificar rótulos e notas fiscais, produtos suspeitos podem ser apreendidos para análise laboratorial. Nesta sexta-feira, a Polícia Federal recolheu amostras em indústrias de três estados.

O Ministério da Agricultura (Mapa) foi questionado, mas ainda não respondeu oficialmente.

Ministro da Saúde recomenda evitar destilados

Na quinta-feira (2), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recomendou que a população evite consumir bebidas destiladas, sobretudo as incolores e sem origem comprovada.

“Não estamos falando de um produto essencial para a vida das pessoas. Não faz problema nenhum evitar o consumo”, afirmou o ministro.

Ele explicou que a cerveja, por suas características — gás, tampa descartável e cadeia de produção mais rígida —, é mais difícil de ser adulterada.

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