
Era uma sexta-feira, 13 de setembro de 2024, quando Carlos Augusto Melke, presidente da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), deixou uma sala de reuniões em Porto Alegre com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Nas mãos, ele trazia um documento que representava o fim de mais de 20 anos de disputas judiciais e uma dívida federal monumental de R$ 6,2 bilhões. O acordo não só dava um fôlego financeiro à universidade, mas também era um marco histórico no uso de transações tributárias no Brasil. Para os irmãos Melke, Carlos Augusto e João Pedro Palhano Melke, era o resultado de uma jornada árdua que combinava habilidade jurídica, visão administrativa e um compromisso com a educação.

O acordo estabelecido permitia que a Ulbra pagasse R$ 622 milhões, uma fração da dívida original, parcelada em até 20 anos. Foi uma vitória inesperada para muitos, mas fruto de uma estratégia cuidadosamente desenhada pelos irmãos, que assumiram a gestão da universidade em um momento de crise profunda.

"A segunda maior transação do Brasil" - A importância desse acordo foi destacada por Anelize Ruas de Almeida, Procuradora-Geral da Fazenda Nacional, que não hesitou em chamar o momento de "histórico": "É a segunda maior transação do Brasil, a maior do Sul do país. Um momento histórico que resolve em processos judiciais um conflito de muitos anos. Agora, a Ulbra tem a possibilidade de se reestruturar, estando regular com a Fazenda Nacional," disse a procuradora.
Para a universidade, o significado era ainda maior. A Ulbra, que já formou mais de 500 mil alunos ao longo de sua história, atravessava uma crise financeira severa e via seu futuro ameaçado. João Pedro Palhano Melke, advogado e irmão de Carlos, destacou a importância do acordo: "A transação que firmamos aqui hoje possibilitou algo extraordinário. Permitiu que a Ulbra renegocie suas dívidas, organize suas operações e continue a cumprir sua missão, que impacta milhares de vidas no Brasil e no mundo."

A reconstrução da Ulbra - Carlos Augusto Melke, que já havia construído uma sólida carreira na advocacia em Mato Grosso do Sul, viu na presidência da Aelbra (Associação Educacional Luterana do Brasil, mantenedora da Ulbra) uma oportunidade de aplicar suas habilidades em um campo diferente: a gestão educacional. Quando assumiu o posto em 2021, a universidade estava à beira do colapso, com dívidas que pareciam insuperáveis e uma recuperação judicial em andamento.
Mas, para Carlos, era necessário olhar para o futuro e criar soluções que fossem viáveis tanto no campo econômico quanto no acadêmico. Ao comentar sobre o impacto do acordo, ele disse:
"Como universidade, temos a obrigação de gerar bons exemplos. Esse é um deles. Os empresários devem olhar para esse tipo de atitude que estamos tendo e encontrar motivação e determinação para ultrapassar desafios que, antes, pareciam intransponíveis."
A transação não só trouxe um alívio financeiro, mas também resgatou a credibilidade da universidade. Ao longo de dois anos de negociações, os irmãos Melke conseguiram estabelecer um diálogo direto com a PGFN e traçar um plano que fosse benéfico para ambas as partes. O acordo não apenas solucionou uma dívida bilionária, mas deu à Ulbra a chance de seguir adiante, renovada e com uma perspectiva de crescimento.

A visão dos irmãos Melke - João Pedro Palhano Melke foi uma peça fundamental nas negociações. Atuando nos bastidores, ele desenhou boa parte do plano que possibilitou a transação. Sempre discreto, João Pedro dedicou-se a garantir que a Ulbra aproveitasse as vantagens da Lei de Transação Tributária, que permite o abatimento de dívidas para instituições em recuperação.
"Estamos aqui celebrando um momento único para a Ulbra e para todos os empresários que assistem esse movimento. A crise se resolve quando há diálogo, e o diálogo com as autoridades fazendárias foi o mais importante nesse processo," afirmou João Pedro, sublinhando a importância do acordo para a reestruturação da universidade.
João Pedro Palhano Melke, o cérebro jurídico por trás do acordo bilionário. Ao fundo, seu irmão, Carlos Melke, encara o futuro da Ulbra, sabendo que a assinatura marca apenas o começo da recuperação.
Carlos Augusto, por sua vez, estava mais focado no futuro. Ele via na recuperação da Ulbra uma chance de resgatar a essência da instituição, sem se prender aos erros do passado: "Nesta gestão, trazemos a responsabilidade de olhar para o futuro, buscando soluções. O que aconteceu no passado nos ensina, mas não nos define. Estamos focados no que ainda podemos conquistar," afirmou o presidente.
Um novo horizonte para a Ulbra - Com o acordo firmado, a Ulbra pôde retomar suas atividades com mais confiança e estabilidade. A universidade, que atualmente conta com mais de 40 mil alunos espalhados pelo Brasil, passou a investir em novos cursos, especialmente na área de saúde, como o curso de Medicina, que já se tornou uma das principais fontes de receita da instituição.
O campus principal da Ulbra em Canoas, onde gerações de alunos se formaram. Agora, sob a liderança de Carlos Melke, a universidade enfrenta um novo capítulo após o acordo tributário bilionário, que promete reestruturar suas finanças e garantir seu futuro.
A crise financeira parecia, finalmente, controlada. Durante as enchentes que atingiram Canoas, sede da universidade, o campus foi convertido em abrigo para milhares de pessoas desabrigadas, reafirmando o compromisso da Ulbra com a comunidade. "A missão da Ulbra é muito maior que seus problemas financeiros", disse Carlos Melke em diversas ocasiões.
Para João Pedro, o acordo é um símbolo do poder da negociação: "O diálogo é a chave. O que conseguimos aqui hoje foi graças à capacidade de sentar à mesa, ouvir e propor soluções. Essa é a verdadeira força desse momento," declarou o advogado, olhando para o futuro com otimismo.
O futuro que os Melke ajudaram a construir - O acordo com a PGFN não é apenas o fim de um capítulo turbulento na história da Ulbra. É o início de uma nova fase, em que a universidade poderá se reerguer, ampliar seus horizontes e continuar cumprindo seu papel social e educacional no Brasil.
Carlos e João Pedro Melke, com sua experiência em gestão e direito, mostraram que, mesmo diante de desafios gigantescos, é possível encontrar soluções através do diálogo e do planejamento estratégico. Se a Ulbra sobreviveu à maior crise de sua história, muito disso se deve à determinação dos irmãos em não apenas salvar uma instituição, mas garantir que ela continue a servir a sociedade.
Como bem pontuou Carlos Melke: "Olhamos para o futuro com a certeza de que ainda há muito a fazer. O que conseguimos aqui hoje é apenas o começo."
