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MUDANÇAS CLIMÁTICAS

CIJ emite parecer sobre as obrigações dos Estados frente às mudanças climáticas

Em parecer unânime, Tribunal afirma que países têm obrigação legal de proteger o clima e cumprir metas do Acordo de Paris

24 julho 2025 - 07h58Redação, O Estado de S. Paulo
Bombeiro carrega mangueiras diante de incêndio em Palisades, em Los Angeles, nos EUA, em 11 de janeiro de 2025.
Bombeiro carrega mangueiras diante de incêndio em Palisades, em Los Angeles, nos EUA, em 11 de janeiro de 2025. - (Foto: Jae C. Hong/ AP)

Em um parecer histórico, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) se pronunciou pela primeira vez sobre as responsabilidades legais dos Estados em relação às mudanças climáticas, tratando o assunto como um "problema existencial de proporções planetárias", conforme destacado pelo presidente do tribunal. O parecer, embora não vinculativo, afirmou que os Estados têm a obrigação legal de proteger o sistema climático, combatendo as emissões antropogênicas de gases de efeito estufa, que são a principal causa do aquecimento global.

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O julgamento, realizado em Haia, incluiu a posição unânime dos 15 juízes, que destacaram que os países devem cumprir com as metas do Acordo de Paris sobre Mudança Climática, limitando o aumento da temperatura global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. A Corte também estabeleceu que, caso os Estados falhem em cumprir essas obrigações, poderão ser responsabilizados legalmente, tendo que cessar a conduta ilícita, oferecer garantias de não repetição e reparar danos, dependendo das circunstâncias.

Em sua decisão, a Corte reforçou que um "ambiente limpo, saudável e sustentável" é uma condição essencial para o pleno gozo de diversos direitos humanos. Nesse contexto, os Estados-membros da ONU, sendo signatários de tratados de direitos humanos, têm a responsabilidade de garantir que os cidadãos possam usufruir desses direitos ao tomarem medidas para enfrentar a mudança climática.

O parecer vem após anos de intensa pressão de países insulares, como Vanuatu, que temem ser submersos pelo aumento do nível do mar devido às mudanças climáticas. A Assembleia-Geral da ONU, em 2023, solicitou à Corte que respondesse a duas questões essenciais: o que os países são legalmente obrigados a fazer para proteger o clima e o meio ambiente, e quais seriam as consequências legais para os governos cujas ações ou omissões prejudicassem significativamente o clima.

O caso foi liderado por Vanuatu, com o apoio de mais de 130 países, e a decisão foi amplamente comemorada pela comunidade internacional.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, comemorou a decisão, chamando-a de "vitória para o nosso planeta, para a justiça climática e para o poder dos jovens de fazer a diferença". A declaração de Guterres veio um dia após seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, no qual ele enfatizou a urgência da transição global para fontes de energia renovável.

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