Agentes da Delegacia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro resgataram 90 aves silvestres e prenderam dois homens por tráfico de animais, na manhã desta terça-feira (5), na descida da Serra de Petrópolis. Os trinca-ferros estavam no porta-malas de um carro, em caixas de papelão, situação que caracteriza maus-tratos.
A operação foi conduzida em conjunto com a Polícia Federal, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal. As investigações revelaram que os suspeitos haviam saído de Minas Gerais com destino a Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde os pássaros seriam vendidos em feiras livres.
Segundo a polícia, os trinca-ferros são altamente valorizados pelo canto melodioso, o que alimenta o comércio clandestino, especialmente nos finais de semana, quando são montadas feiras ilegais em vários pontos da região metropolitana.
A espécie é nativa do Brasil e conhecida pela força do bico, capaz de romper sementes duras. Justamente por essa combinação de beleza e resistência, se tornou um dos alvos preferidos do tráfico de aves silvestres.
Prisão em flagrante e investigação em curso
Os dois homens foram presos em flagrante e autuados por receptação qualificada, associação criminosa e maus-tratos a animais. Eles não tiveram os nomes divulgados. A Delegacia do Meio Ambiente confirmou que as investigações continuam para identificar outros envolvidos na rede de tráfico.
As aves resgatadas foram encaminhadas ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), onde receberão os devidos cuidados antes de uma possível reabilitação para soltura.
Segundo a Renctas (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres), o tráfico de fauna é a terceira maior atividade ilegal do mundo, atrás apenas do tráfico de armas e drogas. Estima-se que cerca de 38 milhões de animais silvestres sejam retirados anualmente da natureza no Brasil.
O comércio ilegal de animais movimenta entre US$ 10 e US$ 20 bilhões por ano no mundo, sendo que o Brasil responde por aproximadamente 10% desse montante.
No Brasil, a pena para quem pratica tráfico de animais silvestres varia de seis meses a um ano de prisão, além de multa. Quando há agravantes como maus-tratos ou envolvimento com quadrilhas organizadas, a pena pode ser ampliada.
Repressão e conscientização
A repressão ao tráfico de animais silvestres é uma das prioridades das autoridades ambientais e policiais, mas especialistas alertam que apenas o combate policial não basta. É necessário ampliar as ações de educação ambiental e conscientização da população, especialmente sobre os impactos do tráfico na biodiversidade brasileira.
