
Pantanal enfrentou uma das piores temporadas de incêndios já registradas. Dados divulgados nesta terça-feira (24) pela plataforma MapBiomas Fogo mostram que o bioma teve 157% mais área queimada em 2024 do que a média histórica dos últimos 40 anos. O levantamento integra o primeiro Relatório Anual do Fogo (RAF), com base em imagens de satélite e análises de cicatrizes de fogo no Brasil entre 1985 e 2024.

No total, ao menos 30 milhões de hectares foram destruídos pelo fogo em todo o território nacional em 2024, número 62% acima da média histórica, que é de 18,5 milhões de hectares por ano. A maior parte das queimadas se concentrou entre os meses de agosto e outubro, que representam 72% da área incendiada no país.
A Amazônia continua sendo o bioma com maior extensão queimada: 15,6 milhões de hectares — 117% acima da média. Mas o Pantanal chamou atenção pela intensidade da destruição, superando de longe a média histórica em proporção.
“O Pantanal, que já enfrenta um cenário de seca prolongada, está entre os biomas com maior proporção de vegetação nativa afetada pelo fogo”, revela o relatório. De 1985 até 2024, mais de 80% da área do bioma já foi atingida pelas chamas ao menos uma vez.
Vista aérea do Pantanal - (Foto: Arquivo)
O relatório mostra que a maior parte das queimadas de 2024 ocorreu em áreas de vegetação nativa — cerca de 72% do total. Ao longo da série histórica, essa proporção é de 69,5%, o que reforça a tendência de avanço das queimadas sobre áreas naturais.
Historicamente, os incêndios ocorriam principalmente em formações do tipo savana. Mas, em 2024, o padrão se inverteu: a maior área queimada foi de florestas, com 7,7 milhões de hectares, volume 287% acima da média.
Cerrado e Amazônia lideram série histórica - Desde 1985, Cerrado e Amazônia concentram 86% da área atingida pelo fogo ao menos uma vez. Já o bioma Mata Atlântica registrou em 2024 seu pior ano, com aumento de 261% na área queimada em comparação à média histórica.
Mesmo em biomas tradicionalmente menos atingidos, como os Pampas e a Caatinga, os efeitos do fogo foram sentidos. Os Pampas tiveram redução de 48% na área queimada, e a Caatinga, de 16%.
O MapBiomas identificou um padrão que se repete anualmente: as queimadas ocorrem nos mesmos períodos e locais. “Isso mostra que os incêndios no Brasil não são eventos aleatórios. Eles seguem uma lógica geográfica e temporal”, explicou Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo.
Segundo ela, o relatório é uma ferramenta essencial para gestores públicos, por indicar com precisão os períodos mais críticos e as áreas mais vulneráveis. “Esses dados permitem direcionar melhor os recursos e as estratégias de prevenção e combate ao fogo”, afirmou.
Na Amazônia, 53% da área queimada entre 1985 e 2024 estava em áreas de pastagem. Na Mata Atlântica, as pastagens representaram 28,9% e áreas agrícolas, 11,4%. Já em biomas como Pantanal, Cerrado, Pampa e Caatinga, o fogo afetou majoritariamente vegetação nativa.
