
O Pantanal, uma das maiores extensões de natureza ainda intocadas do planeta, pode se tornar também exemplo de renda sustentável para produtores que ajudam a preservá-lo. Até o dia 20 de agosto, pecuaristas e proprietários rurais que mantêm áreas de vegetação nativa acima do mínimo exigido por lei podem aderir ao Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que vai distribuir R$ 30 milhões em 2025 a quem conserva.

O programa, lançado pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul (Semadesc), prevê pagamento anual de R$ 55,47 por hectare de área preservada, com limite de R$ 100 mil por propriedade e até R$ 300 mil por grupo econômico, com possibilidade de renovação por mais um ano. Na prática, isso pode significar um reforço de caixa significativo — sem desmatar, sem expandir, sem abrir novas áreas.
A estimativa oficial é de que até 300 produtores rurais sejam beneficiados e que a política ambiental alcance 540 mil hectares do bioma pantaneiro — o equivalente a quase quatro vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Para se inscrever, a propriedade precisa estar localizada, total ou parcialmente, no Pantanal sul-mato-grossense, estar registrada no Cadastro Ambiental Rural (CAR/MS) e comprovar o excedente de vegetação preservada.

As inscrições são feitas exclusivamente online, pela plataforma Editais MS (https://editaisms.prosas.com.br/edital?id=15945). Toda a documentação exigida deve ser enviada até a data-limite.
Para Renato Roscoe, diretor executivo do Instituto Taquari Vivo, o PSA é uma forma concreta de unir conservação e produtividade. “O Pantanal é um dos biomas mais preservados do mundo e, ao mesmo tempo, um dos mais produtivos. Este edital é uma forma de reconhecer financeiramente os produtores que mantêm áreas nativas acima do exigido por lei”, disse.
Segundo ele, o recurso pode ser usado para melhorar a gestão da propriedade, investir em tecnologia, infraestrutura ou treinamento. “É uma renda extra que vem sem a necessidade de ampliar a área de produção ou pressionar os recursos naturais”, afirmou.
Além do retorno financeiro, Roscoe acredita que o programa tem um impacto maior: consolida o Pantanal como referência mundial de produção sustentável. “Se conseguirmos atingir a meta de proteger mais de meio milhão de hectares, daremos um passo histórico”, concluiu.
Num momento em que as discussões sobre clima, desmatamento e uso do solo ganham o centro das atenções, o PSA surge como uma possibilidade concreta de alinhar o que antes parecia incompatível: produção e preservação. E, por enquanto, basta não perder o prazo.
