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Prefeita de Campo Grande sanciona lei que proíbe plantio da murta para proteger citricultura

A medida visa erradicar uma planta que é hospedeira do psilídeo, transmissor do greening, doença que ameaça pomares cítricos em Mato Grosso do Sul

25 julho 2025 - 07h38Maria Edite Vendas
Especie exala cheiro característico, sendo muito comum na Capital e interior
Especie exala cheiro característico, sendo muito comum na Capital e interior - (Foto: Luciano Muta)

A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, sancionou na terça-feira (22) a Lei Municipal nº 7.451, que proíbe o plantio, o comércio, o transporte e a produção da planta exótica Murraya paniculata, conhecida popularmente como murta ou dama-da-noite. A nova legislação, que entra em vigor imediatamente, estabelece multa de R$ 1 mil para quem for flagrado desobedecendo a norma, com valor dobrado em caso de reincidência. O município também se comprometeu a fiscalizar e elaborar um plano para a erradicação ou substituição das plantas já existentes.

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O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, comemorou a sanção da lei, destacando sua importância no esforço de tornar Mato Grosso do Sul um polo produtor de cítricos. “Campo Grande é a cidade com a maior concentração de plantas dessa espécie, que é a principal hospedeira de uma praga que afeta diretamente as plantações de cítricos. Com essa medida, a cidade se une ao esforço do Governo do Estado para garantir mais segurança aos citricultores”, afirmou Verruck.

A iniciativa de proibir a murta no município de Campo Grande foi do vereador Veterinário Francisco. A Lei Estadual nº 6.293, aprovada no ano passado, já havia abordado o problema em nível estadual, e a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, manteve o cerne da proposta ao sancionar a lei municipal, embora tenha vetado alguns trechos do texto original. A medida já está em vigor em outros municípios como Três Lagoas e Dois Irmãos do Buriti, e projetos semelhantes tramitam em várias Câmaras Municipais do estado.

Jaime Verruck ressaltou a importância da aprovação dessas leis em mais municípios e destacou a necessidade de implementar planos de erradicação da murta para evitar maiores danos à citricultura.

A coordenadora de Citricultura da Semadesc, Karla Nadai, explicou que a murta representa um risco significativo à citricultura, pois é a principal hospedeira do psilídeo da laranja, inseto transmissor do greening, uma das doenças mais devastadoras para os pomares cítricos. O greening já causou grandes prejuízos nos Estados Unidos e no Brasil, afetando até 50% das lavouras de cítricos de São Paulo, o maior produtor nacional.

Karla afirmou que, embora a murta não esteja diretamente relacionada aos pomares de laranja, o risco continua alto, pois o psilídeo pode voar até 20 quilômetros, espalhando a doença. "Por essa razão, a erradicação da murta é fundamental, mesmo nas áreas urbanas", completou a especialista.

Mato Grosso do Sul tem atraído grandes investimentos no setor de citricultura, com mais de 20 mil hectares de pomares plantados e previsão de atingir 30 mil hectares até o final deste ano. A medida de erradicação da murta adotada pelo Estado é pioneira no Brasil, o que tem tornado o estado um polo atrativo para investidores da citricultura. Além da erradicação da murta, o Estado também determina a destruição das plantas cítricas infectadas, outra medida inédita no País.

O Governo do Estado firmou um acordo de cooperação com o FundeCitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), há dois anos, para apoiar os citricultores com acompanhamento técnico no manejo do greening. Um engenheiro agrônomo foi designado para atuar exclusivamente em Mato Grosso do Sul, auxiliando os produtores na luta contra a praga.

A murta-de-cheiro, uma planta originária da região do Mediterrâneo, é muito apreciada por sua folhagem verde vibrante, flores brancas ou rosa pálido e seu aroma agradável. Apesar de ser popular na arborização urbana, ela se tornou um problema grave devido à sua associação com o greening. Essa mudança de percepção tem levado os municípios a tomarem medidas para erradicar a planta e proteger as lavouras de cítricos.

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