
Mais de 350 pinguins foram encontrados mortos no litoral sul de São Paulo em apenas quatro dias. O registro alarmante foi feito pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), que monitora a região da Ilha Comprida, no litoral sul paulista, por meio do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). Segundo comunicado divulgado no dia 19 de agosto, todos os animais já estavam em estágio avançado de decomposição, o que impossibilita a identificação precisa das causas da morte.

“Nos últimos monitoramentos realizados no trecho da Ilha Comprida tivemos um grande número de pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) encalhados, todos já sem vida e em estágio avançado de decomposição”, relatou o IPeC, em nota.
Mesmo sem poder confirmar as causas das mortes, o instituto aponta possíveis fatores para a mortalidade dos animais: migração por longas distâncias, dificuldade de encontrar alimento, parasitoses, quadros infecciosos e a interação com a pesca. Esses elementos se repetem ano após ano durante a temporada de migração dos pinguins-de-magalhães, que saem da Patagônia em busca de águas mais quentes no litoral brasileiro.
O trabalho de monitoramento é realizado pelo IPeC em parceria com o Ibama e a Petrobras, dentro do escopo do licenciamento ambiental federal das atividades de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos. O PMP-BS atua nas praias de Iguape, Ilha Comprida e Cananéia, no extremo sul do litoral paulista.
Temporada preocupante e aumento de encalhes
De acordo com publicação anterior feita pelo IPeC no dia 18 de agosto, a temporada de 2025 já vinha mostrando sinais preocupantes. Até aquela data, 166 pinguins haviam sido registrados nas praias da região — apenas 19 estavam vivos e foram encaminhados para reabilitação na base do instituto.
"Os pinguins desta temporada em comparação com os últimos dois anos estão chegando com peso muito baixo, hipotérmicos (em alguns casos sem condição de aferir temperatura), com sinais de interação com pesca e muitos com a condição respiratória comprometida", informou o IPeC.
O instituto também relatou que muitos dos animais encalhados apresentam fragilidade extrema, o que reduz significativamente as chances de reabilitação e soltura. “O cenário é desafiador e as condições dos animais resgatados preocupam”, disse a equipe técnica.
Vitória simbólica: pinguim P07 sobreviveu
Em meio aos dados preocupantes, o IPeC celebrou um caso de sucesso: o P07, sétimo pinguim resgatado nesta temporada. O animal foi encontrado em 4 de julho na Praia da Jureia, também no litoral sul de São Paulo, e passou por um longo processo de recuperação até atingir estabilidade.
“É o primeiro animal a passar por todas as etapas de estabilização e apresentar condições de integração com o grupo aptos à soltura. Os números são alarmantes e as condições dos animais resgatados preocupantes, por isso, a nossa imensa satisfação em compartilhar a vitória do P07”, declarou o instituto, nas redes sociais.
Monitoramento contínuo
O IPeC reforça que seguirá monitorando os trechos de praia sob sua responsabilidade e registrando todas as ocorrências de encalhes de animais marinhos, vivos ou mortos. Esses dados são essenciais para compreender os impactos das mudanças ambientais e da ação humana sobre as espécies que utilizam o litoral brasileiro como rota migratória ou área de alimentação.
Além da importância científica, o monitoramento permite acionar ações rápidas de resgate e reabilitação em casos de animais vivos, aumentando suas chances de sobrevivência e retorno ao habitat natural.
