Nova abordagem de urbanismo começa a ganhar força em Campo Grande. No bairro Villaggio Santa Inês, região norte da cidade, a criação de um parque público sem exigência legal, financiado pela iniciativa privada com apoio do poder público, tem servido de exemplo concreto do que especialistas chamam de "gentileza urbana". A ideia é simples: criar ambientes acessíveis, seguros e acolhedores que reforcem a convivência comunitária.
O espaço, idealizado pela Santa Inês Empreendimentos, foi construído em uma área já destinada por lei ao uso comum. O diferencial é que, em vez de deixar o local ocioso, a empresa decidiu transformá-lo num parque urbano. Aberto todos os dias das 6h às 22h, o espaço oferece áreas para descanso, lazer, prática esportiva e integração entre vizinhos.
“Esse parque nasceu da vontade de fazer algo positivo para a cidade”, resume Cíntia Maria Calefe, da Santa Inês Empreendimentos. “É um lugar que reúne esporte, lazer e convivência. Campo Grande precisa disso.”
Segundo Cíntia, o projeto foi voluntário e não foi criado como contrapartida legal. A formalização ocorreu por meio de um termo de permissão de uso com a Prefeitura, que deu suporte técnico e institucional para o funcionamento da estrutura. “A decisão partiu de nós. A prefeitura acolheu a ideia e ajudou com os trâmites para que o parque pudesse beneficiar a população”, reforça.
A área conta com regras de convivência para garantir o uso coletivo de forma respeitosa. Não é permitido fumar, nem utilizar caixas de som no local. “Criamos esse espaço com carinho. Esperamos que ele seja usado com o mesmo cuidado”, completa Cíntia.
Reflexo positivo no entorno - Para a secretária-adjunta da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Turístico (Semades), Vera Bacchi, a iniciativa é um modelo que mostra como o urbanismo pode estar a serviço das pessoas.
“Quando um empreendedor decide investir no espaço público, ele não está apenas agregando valor ao seu negócio. Ele está contribuindo para a cidade, promovendo pertencimento, segurança e bem-estar”, afirma. Segundo ela, o parque também ajuda a valorizar os imóveis ao redor, tornando a região mais atrativa para novos moradores.
A diretora-executiva da Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb), Mariana Massud, lembra que o bairro, por muito tempo, teve carência de investimentos. Ver um projeto como esse ganhando forma e sendo adotado pela comunidade, para ela, é prova de que o modelo de cooperação entre o setor privado e o público funciona.
“A gente acompanhou esse projeto desde o início do loteamento. Hoje, ver um espaço assim sendo cuidado pela população mostra que deu certo. Isso é resultado de um planejamento urbano com visão social e ambiental”, diz Mariana.
O espaço, idealizado pela Santa Inês Empreendimentos, foi construído em uma área já destinada por lei ao uso comum
