
O Pantanal registrou uma queda histórica na área queimada em junho deste ano, com redução de 92,8% em relação ao mesmo mês de 2024. A informação consta no boletim do Cicoe/Pemif (Centro Integrado de Coordenação Estadual/Pano Estratégico de Manejo Integrado do Fogo), divulgado na quinta-feira (3). Foram 42.840 hectares queimados, contra 595.728 no ano anterior. O número de focos de calor também caiu drasticamente: de 2.753 para apenas 50, uma redução de 98,2%.

A drástica redução nos incêndios florestais é atribuída principalmente à combinação entre fatores climáticos favoráveis e o fortalecimento das ações de prevenção e resposta. De acordo com o boletim, as chuvas ocorreram de forma mais bem distribuída e as temperaturas mais baixas contribuíram para minimizar os riscos de propagação do fogo no bioma.
Outro dado importante divulgado no informativo é que nenhuma terra indígena localizada no Pantanal ou no Cerrado foi atingida por incêndios em junho deste ano. Em 2024, no mesmo mês, essas áreas sofreram com a queima de 56.574 hectares, principalmente na Terra Indígena Kadwéu, situada no Pantanal.
As unidades de conservação também apresentaram melhora significativa. A área queimada nesses locais caiu de 9.198 hectares em junho de 2024 para apenas 952 hectares neste ano, o que representa uma redução de 89,6%.
Para além dos fatores climáticos, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul tem mantido uma política de vigilância permanente, atuando durante todo o ano com ações preventivas nas regiões mais críticas. O secretário executivo do Cicoe/Pemif, tenente-coronel Leonardo Congro, destaca que o Estado não tem esperado o início da temporada seca para agir.
“Além do somatório das experiências acumuladas nos anos críticos em ações de prevenção, preparação e respostas aos incêndios florestais, desde 2019, o Corpo de Bombeiros Militar, em 2025 passou a tratar a ocorrência como uma questão permanente e que se estende pelo ano todo”, afirmou Congro.
Segundo ele, desde o início do ano as equipes têm atuado com medidas preventivas como queimas prescritas em unidades de conservação estaduais e formação de brigadistas. Até o momento, mais de 600 brigadistas particulares já foram treinados para atuar no Pantanal.
Além da atuação prática, o Corpo de Bombeiros também tem investido na capacitação de suas equipes. Cursos de condução off-road foram ministrados aos motoristas de viaturas de combate a incêndios, considerando as condições adversas do terreno pantaneiro.
Neste ano, foram formados ainda mais 27 combatentes florestais — bombeiros militares com especialização em prevenção e combate aos incêndios —, elevando o total de profissionais com essa qualificação no Estado para 99.
Esses especialistas também terão projeção internacional. Segundo Leonardo Congro, Mato Grosso do Sul enviará dez combatentes florestais para compor o grupo de 100 profissionais brasileiros que irão ao Canadá para auxiliar no combate aos incêndios florestais naquele país, em ação coordenada pelo Governo Federal.
Apesar da boa notícia referente ao mês de junho, o alerta permanece ligado. O Cemtec/MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) emitiu previsão de escassez de chuvas entre 1º e 17 de julho em todo o Estado. As temperaturas devem ultrapassar os 30°C, com umidade relativa do ar abaixo de 30%, condição ideal para a propagação de queimadas.
A previsão para o trimestre de julho a setembro indica que grande parte do território sul-mato-grossense estará sob os níveis de “Atenção” ou “Alerta” para o risco de incêndios florestais. Em algumas regiões, como Norte, Nordeste e Leste do Estado, já há municípios classificados em “Alerta Alto”.
Diante desse cenário, o Corpo de Bombeiros mantém estado de prontidão e orienta a população a evitar queimadas e denunciar qualquer foco suspeito, especialmente em áreas de preservação ambiental.
Especialistas lembram que o combate às queimadas não depende apenas das ações governamentais. A colaboração da população e de produtores rurais continua sendo fundamental. Práticas como limpeza inadequada de terrenos, uso de fogo em manejos agrícolas sem orientação técnica e descarte de bitucas de cigarro à beira de estradas são algumas das causas comuns de incêndios que podem ser evitadas com medidas simples.
Além disso, as ações educativas seguem sendo uma das frentes estratégicas do Governo do Estado. Campanhas de conscientização, treinamento de comunidades locais e parcerias com organizações ambientais estão entre as iniciativas em andamento para manter a preservação dos biomas.
