
Em uma ação conjunta inédita, o governo de Mato Grosso do Sul e a organização não governamental Onçafari anunciaram um investimento de R$ 120 milhões para consolidar o Parque Estadual Alagados do Taquari, no Pantanal sul-mato-grossense. O recurso será destinado à aquisição de aproximadamente 130 mil hectares de terra, transformando uma área de alto impacto ambiental em território protegido.

A iniciativa, baseada em um modelo que combina gestão pública, filantropia internacional e ciência da conservação, pretende conter o avanço da degradação ambiental na região conhecida como "arrombados do Taquari", onde inundações descontroladas causam danos severos ao ecossistema há décadas.
Metade do investimento virá do governo estadual. A outra parte será aplicada pela Onçafari, ONG brasileira fundada em 2011 e reconhecida por sua atuação no Pantanal. Parte dos recursos foi captada junto a fundações norte-americanas, segundo a ambientalista Teresa Bracher, uma das filantropas ligadas ao projeto. "Fomos atrás de dinheiro fora do Brasil e conseguimos parceiros. Se tudo der certo, será a maior área de preservação de todo o Pantanal", afirmou Bracher, durante evento da Positive Ventures, em São Paulo.
Desde 2020, a Onçafari atua no mapeamento de áreas estratégicas para formar corredores ecológicos entre propriedades privadas e unidades de conservação. O objetivo é garantir que espécies da fauna e flora transitem e se desenvolvam sem barreiras artificiais. Até o momento, cerca de 66 mil hectares já foram incorporados às reservas da entidade.
Em março deste ano, o governador Eduardo Riedel (PP) anunciou um aporte de US$ 12,5 milhões (cerca de R$ 62,5 milhões) doado por uma ONG internacional por meio do Fundo Clima Pantanal. Como contrapartida, o Estado arcará com os estudos técnicos e com 50% do custo de desapropriação das áreas privadas.
O projeto é considerado uma das maiores articulações ambientais do país com financiamento internacional direto, marcando um novo modelo de conservação baseado em resultados, ciência e impacto global. A ONG já planeja ampliar parcerias em Nova York para fortalecer seus esforços de preservação em escala.
A criação do Parque Estadual Alagados do Taquari é um marco para o bioma pantaneiro, reconhecido como Reserva da Biosfera Mundial pela Unesco, mas ameaçado por pressões históricas. A união de atores públicos e privados pretende virar a chave da conservação na maior planície alagável do planeta.
