
Onze bases avançadas foram ativadas no Pantanal sul-mato-grossense como parte da Operação Pantanal 2025, que intensifica o enfrentamento aos incêndios florestais em áreas de difícil acesso e histórico de queimadas. A medida foi tomada pelo Governo de Mato Grosso do Sul para reforçar o plano estadual de manejo integrado do fogo, com foco na prevenção e na resposta rápida.

A estrutura conta com efetivo do Corpo de Bombeiros Militar (CBM-MS), posicionada em pontos estratégicos da região pantaneira, entre eles margens dos rios São Lourenço e Piquiri, além da Serra do Amolar, onde a base da comunidade Barra do São Lourenço tem se destacado pela atuação próxima da população local.
Antes da instalação dessas bases, o tempo médio de resposta a focos de incêndio na região era de até oito horas. Com a presença permanente das equipes, esse tempo foi reduzido à metade. O uso de sensores remotos e o apoio de moradores têm ajudado na detecção precoce das chamas.
Um exemplo citado é a atuação da equipe da base do Amolar, que conteve um incêndio de grande potencial iniciado no vizinho estado de Mato Grosso. A ação impediu que o fogo se alastrasse por mais de 200 hectares — o dano ficou restrito a apenas 9 hectares.
Cada base possui alimentação, água potável, geradores, carregadores para drones e suporte técnico, funcionando inclusive em locais remotos. A integração com as comunidades ribeirinhas é parte essencial do trabalho. Além de combater o fogo, os bombeiros colaboram com moradores em diversas demandas, como corte de lenha, orientação e educação preventiva.
Moradora da comunidade, Vicentina Íris de Souza, 68 anos, relatou como a base ajudou sua família durante um período difícil. A relação entre bombeiros e ribeirinhos se fortalece no cotidiano, com trocas de apoio e reconhecimento.
A presença dos bombeiros também beneficia escolas como a Escola Municipal Rural de Educação Integral Polo São Lourenço, no Alto Pantanal. Estudantes e professores contam com apoio em situações emergenciais, como no caso de evacuações causadas por fumaça, registradas no ano passado.
Além disso, a corporação realiza ações educativas. O professor Emílio Moraes, que leciona matemática, afirma que o conhecimento passado pelos bombeiros é essencial para preparar os alunos diante das mudanças ambientais que afetam a região.
Vínculo com o território - Os profissionais envolvidos na operação conhecem bem a realidade do Pantanal. O subtenente Leonardo Leite, nascido na região do Paiaguás, e o sargento Dorival Pereira, de Aquidauana, atuam também como cozinheiros e responsáveis pela manutenção das bases. O deslocamento é feito por lancha no Rio Paraguai, conduzida pelo sargento Carlos Alberto, experiente guia local.
Essa convivência e valorização do saber tradicional são apontadas como diferenciais da operação. Segundo os bombeiros, o trabalho vai além do combate às chamas: trata-se de proteger o modo de vida pantaneiro e fortalecer laços com quem vive no bioma.
A meta do Governo do Estado é manter as bases em operação o ano todo, garantindo cobertura permanente. O modelo adotado busca consolidar um sistema de prevenção eficaz, unindo tecnologia, presença institucional e parceria com as comunidades tradicionais.


