
A presença de substâncias químicas no solo, muitas vezes invisíveis a olho nu, pode gerar um efeito dominó de danos ambientais e riscos à saúde. É o que acontece no Distrito Industrial do Indubrasil, em Campo Grande (MS), onde a unidade da JBS está em processo de regularização para recuperar áreas contaminadas.
O frigorífico firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), assumindo compromissos legais para identificar e tratar substâncias poluentes, especialmente aquelas que não se dissolvem na água e que podem se infiltrar no solo ou nos lençóis freáticos.
Riscos que nem sempre aparecem - Um dos principais problemas enfrentados quando há contaminação do solo é a “fase livre”, termo técnico que se refere a contaminantes líquidos, como óleos e solventes, que não se diluem na água. Esses resíduos podem se espalhar silenciosamente por camadas subterrâneas, afetando a qualidade da água, da vegetação e até mesmo da saúde humana e animal.
Além disso, há o impacto do mau cheiro, proveniente de emissões atmosféricas, que também está entre os pontos a serem resolvidos pela empresa. A JBS se comprometeu a apresentar um projeto específico de controle dessas emissões, como parte das medidas compensatórias.
Medidas previstas no acordo - Para cumprir o TAC assinado em fevereiro de 2023, a empresa também se comprometeu a elaborar e entregar à Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) um estudo detalhado sobre a contaminação das áreas, bem como uma análise de risco à saúde. Esses documentos são essenciais para dimensionar os danos e orientar as ações de recuperação.
No fim de maio, a JBS solicitou duas licenças ambientais à Planurb: uma licença de instalação e uma licença de operação, ambas com a finalidade de regularização e voltadas especificamente para atividades de recuperação de áreas contaminadas. A reportagem entrou em contato com a empresa e a prefeitura, mas até o momento nenhuma das partes respondeu sobre o andamento das obrigações previstas.
Por que isso importa? Casos como o do Indubrasil acendem um alerta sobre o cuidado com áreas industriais próximas a centros urbanos. A contaminação pode levar anos para ser identificada e mais tempo ainda para ser corrigida. A saúde pública, os recursos hídricos e a biodiversidade estão diretamente ligados à qualidade do solo.
No contexto de Campo Grande, o caso da JBS se soma a uma discussão mais ampla sobre a sustentabilidade das atividades industriais e a necessidade de transparência no cumprimento das obrigações ambientais.

