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MEIO AMBIENTE

Mato Grosso do Sul vai proibir queima controlada por causa da seca e calor extremos

Medida entra em vigor em agosto e busca prevenir incêndios florestais; previsão indica trimestre com altas temperaturas e pouca chuva

23 julho 2025 - 07h43Iury de Oliveira
Mato Grosso do Sul suspende queima controlada até novembro por risco de incêndios florestais devido à seca e calor extremos
Mato Grosso do Sul suspende queima controlada até novembro por risco de incêndios florestais devido à seca e calor extremos - (Foto: Mairinco de Pauda/Semadesc)

Diante do agravamento das condições climáticas, o Governo de Mato Grosso do Sul decidiu suspender temporariamente a prática da queima controlada em todo o território estadual. A medida, que será oficializada por portaria nos próximos dias, valerá de 1º de agosto a 30 de novembro. A decisão foi tomada durante a 20ª Reunião Ordinária do Centro Integrado de Coordenação Estadual (CICOE), realizada na segunda-feira (22), na sede da Polícia Militar, no Parque dos Poderes, em Campo Grande.

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A suspensão atende à necessidade de reforçar a prevenção contra incêndios florestais, já que as projeções climáticas indicam um trimestre com chuvas abaixo da média e temperaturas acima do normal, especialmente nas regiões norte, nordeste e leste do Estado.

“Estamos vivendo o início da seca, com previsão de calor intenso e baixa umidade. Diante desse cenário, o CICOE decidiu suspender a queima controlada em todo o Estado”, declarou Jaime Verruck, secretário da Semadesc e presidente do CICOE.

Entenda o que é a queima controlada - A queima controlada é uma prática legal e autorizada, utilizada principalmente em atividades agropastoris e florestais, com o objetivo de reduzir a biomassa vegetal e evitar incêndios descontrolados. A técnica só pode ser realizada com acompanhamento técnico e dentro de parâmetros específicos definidos por órgãos ambientais.

Com a suspensão, nenhuma autorização será concedida para uso do fogo durante o período de vigência da medida. A iniciativa visa minimizar os riscos ambientais em um momento crítico para a vegetação e a fauna sul-mato-grossense.

CICOE atua na coordenação das ações contra o fogo - O CICOE, coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), reúne representantes de órgãos estaduais e federais que atuam diretamente na prevenção e combate aos incêndios. Entre os integrantes estão o Corpo de Bombeiros Militar, PMA, Imasul, Defesa Civil, Ibama, ICMBio, Cemtec e entidades da sociedade civil, como a Famasul.

A estrutura funciona como um centro de decisão estratégica, responsável por monitorar os riscos ambientais, integrar ações preventivas e coordenar respostas emergenciais. Parte das decisões do CICOE é baseada em análises técnicas elaboradas pelo Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS), que fornece dados atualizados sobre clima, umidade e focos de calor.

Coordenadora do CEMTEC Valesca Fernandes, da SemadescCoordenadora do CEMTEC Valesca Fernandes, da Semadesc

Trimestre deve ser seco e quente, alerta meteorologista - Durante a reunião do CICOE, a coordenadora do Cemtec, Valesca Fernandes, apresentou um diagnóstico climático preocupante. A previsão é de que o volume de chuvas fique abaixo da média histórica para o trimestre de agosto a outubro (ASO), com vários municípios já em nível de alerta ou alerta alto para estiagem.“Identificamos que a maioria dos municípios está em situação de alerta, e alguns, especialmente nas regiões norte e nordeste, já atingiram o nível de alerta alto”, afirmou Valesca.

Apesar da previsão negativa, os dados mostram um avanço importante na prevenção dos incêndios em comparação com o ano passado.

Redução significativa nas queimadas em 2024 - Em 2024, o Estado já registrou uma expressiva queda nos incêndios florestais. De acordo com levantamento apresentado pelo Corpo de Bombeiros e Semadesc:

  • No Pantanal, a área queimada teve redução de 97,9%;
  • No Cerrado, a queda foi de 50,6%;
  • As ocorrências atendidas em todo o Estado recuaram 54,2%.

Esses resultados são atribuídos à atuação coordenada entre o poder público e o setor produtivo.“O trabalho conjunto com os produtores rurais, com apoio da Famasul, e o aumento no número de brigadistas especializados, que hoje somam 700, têm sido fundamentais. Além disso, a dedicação dos órgãos ambientais, como a PMA, Imasul e Ibama, tem sido decisiva”, avaliou Jaime Verruck.

Diretor-presidente do Imasul, André BorgesDiretor-presidente do Imasul, André Borges

Mudanças na legislação ambiental e novos projetos - Durante o encontro, o diretor-presidente do Imasul, André Borges, apresentou mudanças no Decreto nº 11.766/2004, que prevê a isenção de custos de licenciamento ambiental para determinadas atividades em Unidades de Conservação, assentamentos e áreas de soltura de animais silvestres. As alterações foram discutidas com os representantes das instituições participantes da reunião.

Outro ponto de destaque foi a apresentação do Projeto FNMA 2025, que visa ampliar a capacidade das prefeituras para reagir aos incêndios. O projeto prevê a criação de Planos Operativos de Prevenção e Combate (PPCIFs) em versões simplificadas e emergenciais para os municípios.

Mobilização para enfrentar um período crítico - Com a confirmação da suspensão da queima controlada, o Governo de Mato Grosso do Sul reforça a necessidade de atenção e colaboração de todos os setores para enfrentar os impactos do clima severo previsto para os próximos meses.

A medida se soma a outras estratégias já em andamento e reforça o compromisso do Estado com a preservação ambiental, segurança da população rural e proteção da biodiversidade.

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