TCE
DESMATAMENTO

Brasil perdeu 111,7 milhões de hectares de vegetação nativa em 40 anos

Entre 1985 e 2024, 13% do território nacional foi convertido, principalmente para a agropecuária e mineração, com destaque para a Amazônia e o Cerrado

13 agosto 2025 - 10h45Fabíola Sinimbú
Dados fazem parte da Coleção 10 de mapas anuais do MapBioma
Dados fazem parte da Coleção 10 de mapas anuais do MapBioma - Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

Entre 1985 e 2024, o Brasil perdeu 111,7 milhões de hectares de vegetação nativa, o equivalente a 13% de seu território. Este dado foi revelado pela Coleção 10 de Mapas Anuais de Cobertura e Uso da Terra do MapBiomas, divulgada nesta quarta-feira (13). O estudo aponta que as últimas quatro décadas representam os períodos mais intensos de transformação das áreas naturais do país, com a maior parte dessa conversão acontecendo a partir da agropecuária, mineração, urbanização e infraestrutura.

Canal WhatsApp

Segundo Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas, antes de 1985, cerca de 60% da área foi convertida por essas atividades. Os 40% restantes foram convertidos entre 1985 e 2024. Em média, o Brasil perdeu 2,9 milhões de hectares de vegetação nativa por ano, com a formação florestal sendo a mais afetada, com uma redução de 62,8 milhões de hectares – um território equivalente ao da Ucrânia.

Além das florestas, as áreas úmidas, como manguezais e pantanais, também sofreram com a conversão, diminuindo 22% ao longo deste período. A maior parte dessa área modificada foi ocupada pela pastagem (62,7 milhões de hectares) e pela agricultura (44 milhões de hectares), com destaque para os estados de Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul, onde a agricultura ocupa grandes extensões de terra.

Biomas

Em termos de biomas, a Amazônia foi a região mais impactada, com a perda de 52,1 milhões de hectares de vegetação nativa. O Cerrado perdeu 40,5 milhões de hectares, enquanto a Caatinga, a Mata Atlântica, o Pantanal e o Pampa também tiveram perdas significativas, com o Pampa sendo o bioma que sofreu a maior perda proporcional (30%).

Ao longo das décadas, a perda de vegetação foi mais acentuada entre 1995 e 2004, quando 44,8 milhões de hectares foram convertidos, principalmente para agropecuária. Já o período entre 2005 e 2014 foi o que menos sofreu mudanças no uso da terra, com a supressão de 17,6 milhões de hectares, sendo a maior parte de florestas.

Nos últimos dez anos, a degradação voltou a crescer, com aumento da mineração na Amazônia e desaceleração da expansão agrícola. Essa evolução provocou a formação de novas áreas de desmatamento, como na região da Amacro (Amazônia, Acre e Rondônia).

Usinas

Por fim, o estudo do MapBiomas também apresentou a novidade do mapeamento de usinas fotovoltaicas, uma classe de infraestrutura que se expandiu principalmente na Caatinga entre 2015 e 2024. Essa classe é agora parte da análise de uso do solo no Brasil, refletindo o crescimento das energias renováveis no país.

Esse levantamento, realizado com 30 classes mapeadas, é o mais completo sobre o uso do solo no Brasil, fornecendo um panorama detalhado dos últimos 40 anos de mudanças territoriais no país.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop

Deixe seu Comentário

Veja Também

Mais Lidas