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ESTIAGEM

Estiagem prolongada faz vazão do Paraná cair entre MS e SP

Secura prolongada muda rotina da Usina de Porto Primavera e acende alerta sobre impacto nos reservatórios e comunidades ribeirinhas

3 outubro 2025 - 20h05Da Redação
Com estiagem persistente, Porto Primavera reduz vazão do Rio Paraná; impacto afeta comunidades e biodiversidade.
Com estiagem persistente, Porto Primavera reduz vazão do Rio Paraná; impacto afeta comunidades e biodiversidade.

Na sexta-feira, 3 de outubro, uma decisão tomada em silêncio começou a alterar o ritmo das águas do Rio Paraná. A vazão da Usina Hidrelétrica de Porto Primavera, que fica na divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo, foi reduzida. De 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900. Quase 700 metros cúbicos a menos. É como se parte do rio tivesse sido fechada com a mão.

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A medida foi anunciada pela CESP (Companhia Energética de São Paulo), que atende a uma solicitação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O motivo: uma estiagem que se estende há meses sobre a região Centro-Sul do país. A chuva tem faltado desde o início do ano, e o rio começa a sentir os efeitos.

Essa redução de vazão, embora técnica, não é invisível. A água que deixa de passar por uma usina como Porto Primavera — a maior do país em extensão de barragem — é a mesma que alimenta reservatórios, abastece cidades, irriga plantações e sustenta a vida nas margens.

A previsão é que essa vazão menor siga até o dia 31 de outubro de 2025, podendo ser prorrogada, caso as chuvas não colaborem. É uma corrida contra o tempo e contra o clima.

Para tentar equilibrar os impactos da decisão, a CESP anunciou que seguirá um plano de trabalho aprovado pelo IBAMA, com diretrizes de monitoramento ambiental. O foco está no trecho entre a usina e a foz do Rio Ivinhema, no Mato Grosso do Sul. Por ali, vivem espécies nativas, comunidades ribeirinhas e uma biodiversidade que depende do ritmo natural das águas.

O plano prevê o acompanhamento de possíveis mudanças na fauna, na flora e nas condições do ambiente aquático. Tudo será monitorado de perto. A empresa também abriu um canal de contato direto com a população, chamado “Diálogo Aberto”, por meio do WhatsApp: (11) 93032-6699. É por esse número que moradores podem relatar alterações no rio ou situações causadas pela operação da usina.

Além da falta de chuva, há outro fator preocupante: o crescimento de plantas aquáticas, que vêm tomando partes do Rio Paraná. Em alguns trechos, moradores relatam que o rio praticamente "desapareceu", coberto por vegetação. O caso já chegou à Justiça.

Especialistas explicam que essa vegetação cresce mais quando o fluxo de água diminui. É um efeito em cadeia: menos chuva gera menos vazão, o rio se movimenta menos e as plantas se espalham. Por isso, além de preservar os reservatórios, a operação da usina também precisa ser pensada para conter esse avanço.

Mesmo com a chegada da primavera, o clima ainda não deu sinal de trégua. As chuvas seguem abaixo da média histórica e, segundo meteorologistas, a recuperação dos níveis de água depende de semanas de precipitação consistente.

A situação de Porto Primavera não é isolada. Outras usinas hidrelétricas também vêm sendo ajustadas em todo o país. É um esforço coletivo para manter a segurança energética do Brasil sem comprometer o meio ambiente e a vida de quem depende diretamente do rio.

No fim das contas, é disso que se trata: manter o equilíbrio entre a força da água e a força da seca. E, enquanto ela não vai embora, resta ao sistema elétrico, ao meio ambiente e aos moradores da região aprender a conviver com menos.

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