
Representantes de povos indígenas de toda a América do Sul se reuniram neste sábado (15), em Belém, durante a Marcha Mundial pelo Clima, que mobilizou cerca de 70 mil pessoas nas ruas da capital paraense. A manifestação ocorre paralelamente à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) e reforça a luta por direitos e pela demarcação de territórios tradicionais.
Embora cada região enfrente desafios específicos, as lideranças indígenas destacaram a necessidade de união e reivindicaram mais espaço nas decisões políticas globais sobre o clima. "As COPs se tornaram espaços elitistas, onde os povos originários têm pouca voz", afirmou Cristian Flores, da Plataforma Boliviana Frente à Mudança Climática. Ele participa da Cúpula dos Povos, evento paralelo à COP que reúne movimentos sociais, e criticou a centralização das decisões em representantes estatais.
Flores, que veio de La Paz com uma delegação boliviana, ressaltou a importância da sociedade civil pressionar por ações concretas. “Nossas propostas não podem continuar como meras demandas. Precisam se transformar em políticas reais que garantam nossos direitos.”
Da mesma forma, Cahuo Boya, liderança do povo Wairani, do Equador, veio a Belém para denunciar o descumprimento de uma consulta popular que rejeitou atividades extrativistas em territórios indígenas. "O Estado equatoriano ignora nossas reivindicações. Viemos somar forças com outros povos da Amazônia para exigir respeito e ações reais", declarou.
Boya destacou que o impacto da mineração e da exploração de petróleo é comum a diversas comunidades da região e defendeu a construção de uma agenda indígena unificada. "Queremos ocupar as ruas e os espaços de decisão. A nossa voz precisa ser ouvida dentro e fora da Amazônia."

