
Comenta-se muito sobre as mudanças climáticas ser um dos maiores desafios do nosso tempo. Seus impactos afetam desde a produção de alimentos até o aumento do nível do mar, provocando riscos de inundações catastróficas e desestabilizado a sociedade e meio ambiente de uma maneira global. Em MS, a porção norte do estado poderá apresentar um aumento de até 5,8°C graus na temperatura e uma redução de até 19% no volume de chuvas nos próximos 25 anos, segundo o último estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Conforme o professor de Biologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Emerson Ismael Cabreira, o ser humano é o responsável pela aceleração do processo de efeito estufa. “A emissão de gás na atmosfera vai causar futuramente uma catástrofe muito grande em nosso Estado. O desmatamento na região pantaneira contribui para o aquecimento em MS. Isso é possível notar quando tem fortes chuvas e nas mudanças de características de cada estação do ano”, explica.
De janeiro a abril deste ano, o Pantanal teve um aumento de 40% de focos de queimadas em relação ao mesmo período do ano passado. O baixo índice pluviométrico no início do ano, associado às altas temperaturas, baixa umidade e acúmulo de biomassa, são as causas de grande incidência das queimadas provocadas pelo homem.
O professor cita que existem campanhas para conscientizar as pessoas, porém ele lamenta que não seja no decorrer do ano. “Campanhas que pedem para evitar andar de carro e utilizar mais bicicletas, fazer mais reciclagem de materiais e consumir menos, são medidas que ajudam, mas que funcionam apenas em determinadas épocas do ano. O efeito maior para combater esse problema no Estado deve partir do governo”, desabafa. As campanhas que Cabreira se refere são: Dia Mundial Sem Carro (22 de setembro), Dia Mundial da Reciclagem (17 de maio) e Dia Mundial sem Compras comemorada no último sábado de novembro.
Segundo a Fiocruz, os municípios da região sul de MS poderá ser a mais afetada em relação ao número de dias secos consecutivos no ano, índice chamado de CDD. Em Japorã, por exemplo, o aumento no número de dias seguidos sem chuva poderá chegar a 12,6%, seguida por Sete Quedas (12,2%) e Tacuru (11,5%).
O município de Novo Horizonte do Sul apresentou o CDD mais elevado, com um aumento de 15,2% para os períodos de estiagem. Esta situação é diferente em cidades localizadas na parte central, como Rochedo e Corguinho. Nelas, os dias seguidos sem chuvas permanecerão os mesmos em comparação com o período atual.
Corguinho poderá ser mais quente nos próximos 25 anos. O clima pode subir até 5,8° C. Os municípios da porção norte serão os mais afetados, assim como algumas cidades localizadas na parte leste do estado. Em Paranaíba e Aparecida do Taboado o aumento pode chegar a 5,7°C para o período de 2041 a 2070.
O Alto do Taquari pode ser uma das regiões mais impactadas pela redução do volume de chuvas. Em Coxim e Rio Verde do Mato Grosso, por exemplo, a precipitação poderá diminuir 19,3%. Na parte leste do estado, a pluviosidade pode reduzir até 17,6%, como é o caso do município de Selvíria.
A Capital apresenta uma elevação de 5,4°C na temperatura e uma redução de 8,3% na precipitação. Em relação ao número de dias seguidos sem chuva, Campo Grande pode ter uma diminuição de 5,4%.
Nacional
O Brasil até pode ser menos afetado do que os Estados Unidos e os países europeus, mas, se as previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) se concretizarem, não teremos refresco.
O aquecimento no Brasil deve ser de 4 a 5,5° C na região tropical. O Nordeste, Centro-Oeste e a Amazônia serão as regiões mais afetadas. O Cerrado, bioma que ocupa 24% do território brasileiro e 5% da biodiversidade do planeta é a área mais afetada com o desmatamento, impulsionando de forma assustadora o aquecimento global, pois depois de desmatado não se reconstrói. Mesmo com um reflorestamento, perde-se por completo e compromete o solo.
Mundo
Segundo a ultima atualização do painel científico estabelecido pelas Nações Unidas (ONU), em outubro de 2018, vários impactos climáticos poderiam ser evitados, limitando o aquecimento global em 1,5 C° comparado com o que se vive de 2 C° ou mais. Além disso, os recifes de corais, já ameaçados, cairiam 70-90%. Limitar o aquecimento exigirá “mudanças de longo alcance e sem precedentes” no comportamento humano.
O aquecimento global resultou em aumento na frequência e duração das ondas de calor marinhas. Há evidências de que o aquecimento global induzido pelo homem levou a um aumento da frequência, intensidade e quantidade de eventos de precipitação na escala global, bem como um aumento do risco de seca na região do Mediterrâneo.
O aquecimento pode causar chuvas mais intensas, uma maior umidade da atmosfera leva à possibilidade de chuvas mais pesadas. Pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW) descobriram que, o clima mais quente provoca tempestades mais fortes, levando a inundações em áreas construídas, também reduz a umidade no solo, que então absorve rapidamente qualquer excesso e reduz o fluxo de água nos rios rurais.
1. Conserve os solos e a água: estima-se que um terço do plástico produzido no mundo está no solo. Reduza a utilização de plástico para manter os solos limpos. Alguns resíduos domésticos são potencialmente perigosos e não devem nunca ser jogados fora numa lixeira comum. São itens como pilhas, tintas, celulares, remédios, produtos químicos, fertilizantes, cartuchos. Eles podem infiltrar o solo e acabar em reservas de água, contaminando recursos naturais que possibilitam a produção de comida;
2. Use menos água: Você também pode reduzir o desperdício de água tomando banhos mais curtos e fechando a torneira ao escovar os dentes;
3. Apoie os produtores locais: contribui para a luta contra a poluição, reduzindo as distâncias de frete percorridas por caminhões e outros veículos. Os agricultores são os mais duramente afetados pelas mudanças climáticas;
4. Reduza o desperdício de comida: Por ano, um terço dos alimentos produzidos é desperdiçado. Isso quer dizer também que são desperdiçados os recursos — como água, mão de obra, transportes — usados na produção.
