
Três serpentes que foram resgatadas de circos em Mato Grosso do Sul vivem hoje no Bioparque Pantanal, em Campo Grande. Elas não podem mais voltar para a natureza e agora participam de ações de educação ambiental. A ideia é mostrar ao público a importância desses animais para o meio ambiente e os perigos do tráfico de espécies silvestres.

As serpentes Rachel, Capitu e Gaby Amarantos foram retiradas de situações irregulares. Rachel é uma jiboia de dois metros de comprimento. Foi encontrada em um circo na cidade de Amambai, onde era usada em um número chamado "Show do Cupido". Como perdeu o instinto natural por causa do contato com humanos, não pode mais viver sozinha na natureza. Agora, vive em um espaço com iluminação, toca aquecida, vegetação e água corrente.

Capitu é uma píton albina, espécie que não existe naturalmente no Brasil. Também foi resgatada em Amambai, no mesmo circo. Com apenas três anos, já mede 2,5 metros e pode chegar a 8 metros de comprimento. Vive em um ambiente que simula a floresta tropical, com umidificador, pedras aquecidas e vegetação. O nome foi escolhido em uma votação aberta ao público.

Gaby Amarantos é uma sucuri de 3 metros que veio do Pará. Depois de ser resgatada, passou por um período de adaptação e hoje também faz parte do plantel do Bioparque. A sucuri é nativa do Brasil e uma das espécies mais conhecidas da fauna amazônica.
Segundo a diretora do Bioparque Pantanal, Maria Fernanda Balestieri, esses animais passaram a ter uma nova missão. "Recebemos esses animais com a responsabilidade de oferecer uma vida digna e segura, especialmente para aqueles que não têm mais condições de voltar à natureza", disse.
As cobras fazem parte das atividades de educação do Bioparque, especialmente com estudantes. O espaço aproveitou o Dia Mundial da Cobra, comemorado nesta quarta-feira (16), para realizar oficinas de reciclagem, teatro de fantoches e contar as histórias das serpentes.

A bióloga Carla Kovalski, que trabalha no cuidado com os animais do Bioparque, explica que os comportamentos naturais das serpentes continuam sendo estimulados. Isso garante mais bem-estar e qualidade de vida para os animais, mesmo fora do habitat natural.

Esses casos mostram um desafio cada vez mais comum: o que fazer com animais que não podem mais ser devolvidos à natureza? Por lei, a soltura só é possível quando o animal está saudável, com instinto preservado e sem oferecer risco ao ecossistema. Quando isso não é possível, resta o cuidado em ambientes controlados, como zoológicos e bioparques, que também servem como locais de educação ambiental.
