
Representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA) estiveram em Campo Grande no sábado (21) para uma visita estratégica com foco nos preparativos da 15ª Conferência das Partes da Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres, conhecida como COP15. O evento está programado para ocorrer entre os dias 23 e 29 de março de 2026, e promete colocar a capital sul-mato-grossense no centro das atenções internacionais.

A COP15 reunirá mais de 130 delegações de diferentes países para discutir a conservação de espécies silvestres que realizam migrações internacionais, como aves, peixes, morcegos e até borboletas. A conferência também será espaço de encontro entre cientistas, representantes de povos indígenas, comunidades tradicionais e membros da sociedade civil, todos engajados na busca de soluções para preservar a fauna migratória em um cenário global de mudanças climáticas e pressão sobre os habitats naturais.
Reuniões estratégicas e definição de espaços - Durante a visita técnica, as equipes da ONU e do MMA participaram de reuniões de alinhamento com representantes do Governo de Mato Grosso do Sul. Foram tratadas questões logísticas, estratégias institucionais e aspectos ligados à comunicação e produção de materiais oficiais da conferência.
O secretário-adjunto da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Artur Falcette, destacou o papel estratégico que o evento terá para o Estado. “Teremos todos os holofotes voltados novamente ao nosso Estado, para que possamos não apenas apresentar o que já fazemos em termos de políticas de desenvolvimento sustentável, mas também mostrar como atuamos e podemos avançar na captação de recursos para ampliar programas de referência, como o de pagamento por serviços ambientais”, afirmou.
Campo Grande como sede da COP15 - A confirmação de Campo Grande como sede da COP15 ocorreu no fim de março deste ano, após meses de tratativas iniciadas em novembro de 2024, quando a Capital ainda disputava o posto com outras cidades. Desde então, o governo estadual tem atuado em conjunto com o MMA e a ONU para identificar as necessidades estruturais e os locais ideais para sediar as atividades da conferência.
O planejamento inclui a montagem da Blue Zone (Zona Azul), espaço onde ocorrerão as discussões diplomáticas e negociações formais entre as nações participantes. Esta área será instalada no centro de convenções de um shopping da cidade, adaptado especialmente para a ocasião. Já a Green Zone (Zona Verde), voltada ao público em geral, será montada na tradicional Vila Morena, nos altos da Avenida Afonso Pena, oferecendo uma programação cultural e educativa com exposições, apresentações artísticas e praça de alimentação.
Expectativa de público e impacto para o estado - A expectativa é que o evento atraia entre 4 mil e 5 mil participantes, entre delegados, pesquisadores, representantes de ONGs e visitantes nacionais e internacionais. O volume de público, aliado à projeção global que a COP15 proporciona, é visto pelo governo estadual como uma oportunidade única de fomentar o turismo, fortalecer políticas ambientais e posicionar Mato Grosso do Sul como referência em sustentabilidade.
A realização da conferência em Campo Grande também reforça o compromisso do Brasil com os tratados internacionais voltados à biodiversidade, especialmente no atual contexto de emergência climática e degradação ambiental. A escolha da cidade como sede simboliza, ainda, o reconhecimento de sua importância ecológica e estratégica na rota de diversas espécies migratórias, que cruzam o território brasileiro todos os anos.
COP15: temas e importância - A COP15 das Espécies Migratórias é uma conferência bienal vinculada à Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS, na sigla em inglês), tratado da ONU firmado em 1979, em Bonn, na Alemanha. O Brasil é signatário da convenção e participa ativamente das discussões sobre a proteção da biodiversidade migratória, que depende da cooperação internacional para ser eficaz.
Entre os temas que devem nortear os debates em 2026 estão a fragmentação de habitats, poluição, mudanças climáticas, uso de agrotóxicos e colisões com estruturas humanas, como linhas de transmissão de energia e turbinas eólicas. O objetivo é pactuar ações entre os países para garantir rotas seguras e habitat adequados às espécies em deslocamento.
Compromisso com o futuro da biodiversidade - Além das negociações diplomáticas, a conferência será um momento de protagonismo para comunidades locais, pesquisadores e defensores ambientais. A inclusão de vozes da sociedade civil, em especial povos indígenas e comunidades tradicionais, é uma das diretrizes da organização da COP15, que pretende dar visibilidade àqueles que vivem nos territórios onde essas espécies transitam.
A realização da conferência também reforça o papel do Brasil como liderança nas questões ambientais globais. Com uma das maiores biodiversidades do planeta, o país tem um papel fundamental na definição de estratégias para preservar não apenas espécies, mas também os ecossistemas que as sustentam.
Para Campo Grande e Mato Grosso do Sul, o evento simboliza uma nova etapa no compromisso ambiental, abrindo portas para investimentos, parcerias e visibilidade internacional. A cidade se prepara para receber o mundo com hospitalidade, estrutura e, principalmente, conteúdo relevante para o futuro do planeta.
