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AGOSTO CINZA

Agosto Cinza reforça combate a incêndios em Mato Grosso do Sul e alerta para prevenção

Estado registra aumento de ocorrências e aposta em integração, brigadistas e ciência para proteger biomas

11 agosto 2025 - 15h06João Grilo
Campanha Agosto Cinza reforça  a necessidade de prevenção
Campanha Agosto Cinza reforça a necessidade de prevenção - (Foto: Ascom CBMMS/Soldado Romaike)

O mês de agosto marca o período de maior atenção em Mato Grosso do Sul. O clima seco e a baixa umidade tornam o Estado especialmente vulnerável a incêndios, que em agosto de 2024 chegaram a quase mil ocorrências, contra apenas 190 registradas em janeiro, segundo dados do Corpo de Bombeiros Militar (CBMMS).

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A campanha Agosto Cinza, criada pela Lei Estadual 5.431/2019, de autoria do ex-deputado Marçal Filho, une poder público e sociedade em ações educativas, palestras, operações e combate direto ao fogo em áreas urbanas e rurais. Já a Lei 5.485/2019, do deputado Lucas de Lima (sem partido), institui a Semana Estadual de Conscientização, Prevenção e Combate à Prática de Queimadas Urbanas, reforçando a importância de reduzir a poluição, proteger a saúde pública e conservar o meio ambiente.

Entre janeiro e julho de 2025, o CBMMS registrou 1.341 ocorrências no Estado, sendo 437 casos apenas em julho, dos quais 188 ocorreram na Capital. Para a tenente-coronel Tatiane de Oliveira, o uso do fogo como método de limpeza de terrenos é um hábito cultural que precisa ser combatido: “O fogo ainda é usado culturalmente para limpeza de terrenos, mas isso gera riscos graves e até perda de vidas.”

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 99% dos incêndios no Pantanal têm origem na ação humana.

O presidente do Comitê Interinstitucional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais de MS, tenente-coronel Leonardo Rodrigues Congro, destaca a importância da integração: “Nosso objetivo é unir todos os setores para reduzir as queimadas e melhorar o manejo do fogo, equilibrando necessidades humanas e proteção ambiental.”

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Renato Câmara (MDB), acompanha as ações e já indicou ao governo a compra de aeronaves como o modelo internacional Sikorsky S-64 Skycrane, capaz de lançar grandes volumes de água em áreas de difícil acesso. O parlamentar também coordena a Frente Parlamentar de Recursos Hídricos, que atua na preservação de nascentes e rios afetados pelos incêndios.

Em 2025, 717 brigadistas florestais já foram formados, e o Programa PSA Brigadas prevê investimento de R$ 14 milhões até 2026 para equipar e apoiar equipes. No Pantanal, oito grandes incêndios foram combatidos este ano na Operação Pantanal, envolvendo bombeiros, brigadas comunitárias e órgãos ambientais.

O Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração/Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas (PELD/NEFAU), da UFMS, coordenado pelo professor Geraldo Alves Damasceno Junior, estuda desde 2020 os impactos do fogo e desenvolve estratégias de manejo integrado junto a comunidades, ONGs e órgãos ambientais. “Não se trata de eliminar totalmente o uso do fogo, mas de usá-lo de forma planejada para reduzir riscos e preservar o ecossistema”, explica Damasceno.

Para o coordenador do Prevfogo/Ibama no Estado, Márcio Yule, fortalecer as brigadas é fundamental: “Sem equipamentos e apoio constante, é impossível manter a defesa das áreas mais ameaçadas.”

A população também tem papel decisivo. Denúncias de queimadas urbanas podem ser feitas ao Corpo de Bombeiros (193), à Decat pelo (67) 3325-2567 ou à Semadesc pelo (67) 3318-5000. Atitudes simples, como não atear fogo em terrenos e apagar bitucas de cigarro, ajudam a prevenir tragédias ambientais e preservar vidas.

Mais do que um mês no calendário, o Agosto Cinza é um chamado coletivo para a prevenção, sempre mais eficaz e menos custosa do que reconstruir.

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