
O angelim-vermelho (Dinizia excelsa), árvore amazônica que pode ultrapassar 80 metros de altura, desempenha funções essenciais para o clima e a biodiversidade, como captura de CO, distribuição de chuvas e preservação histórica do bioma. Especialistas destacam a importância de proteger esses exemplares centenários, especialmente no Dia da Amazônia, celebrado nesta sexta-feira (5).

Em 2019, os primeiros exemplares gigantes foram registrados, e em 2022, um angelim-vermelho de 88,5 metros, equivalente a um prédio de 30 andares, foi localizado em Almeirim (PA), a maior árvore do Brasil. Até agora, 20 árvores com mais de 70 metros foram identificadas na região do Rio Jari, entre Pará e Amapá.
Segundo o pesquisador Diego Armando Silva, do Instituto Federal do Amapá (IFAP), essas árvores possuem quase o dobro da altura média das espécies amazônicas (40 a 50 metros), absorvendo proporcionalmente mais carbono. “Uma única árvore pode representar 80% da biomassa de uma área de cerca de 1 hectare”, destaca.
Estima-se que os angelins-vermelhos tenham entre 400 e 500 anos, baseando-se na análise de cedros próximos, que indicaram idades de aproximadamente 260 anos. Ainda são necessários estudos sobre emissão de CO, ciclo de água e idade exata de cada árvore.
Ameaças à sobrevivência das árvores gigantes
Apesar de sua importância, as árvores estão ameaçadas por desmatamento, garimpo e exploração madeireira, principalmente quando localizadas fora de unidades de conservação. A diretora executiva da ONG Rede Pró-Unidades de Conservação, Ângela Kuczach, alerta que muitas estão fora de áreas protegidas, mesmo em estados com forte cobertura ambiental, como o Amapá.
Em 2024, foi criado o Parque Estadual Ambiental das Árvores Gigantes da Amazônia (Pagam), com 560 hectares de proteção integral. A área oferece proteção, mas ainda enfrenta riscos externos, como sobreposição de CARs e desmatamento próximo, segundo Kuczach.
Gestão e proteção
O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor) já iniciou a implementação do Pagam, com chamamento público para compor o Conselho Gestor, que aprovará o plano de manejo em parceria com a Fundação Amazônia Sustentável. Segundo o presidente Nilson Pinto, o acesso difícil à Floresta do Paru oferece proteção natural contra desmatamento e garimpo, enquanto o manejo florestal é supervisionado pelo Ideflor.
Ângela Kuczach e Diego Silva defendem avanços na proteção e pesquisa científica. Além do plano de manejo e do comitê gestor, são previstas medidas de educação ambiental, visitação controlada e monitoramento científico, essenciais para garantir que as árvores gigantes sejam estudadas e preservadas para futuras gerações.
A Secretaria de Meio Ambiente do Amapá não se manifestou até a publicação da matéria.
