
Resgatada no dia 17 de agosto, Antã, uma onça-pintada de 8 anos, foi encontrada no Pantanal com queimaduras graves nas patas e muito debilitada. Seu nome, que significa "forte" em tupi-guarani, parecia prenunciar uma recuperação que, no fim, não aconteceu. Após 25 dias de tratamento intensivo, Antã morreu ontem (11), vítima de uma parada cardiorrespiratória no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), em Campo Grande.

A onça foi encontrada na região do Passo do Lontra, em Miranda, uma das áreas fortemente afetadas pelos incêndios que têm consumido o Pantanal nos últimos anos. Quando resgatada, pesava apenas 72 kg, muito abaixo dos 100 kg recomendados para um macho adulto de sua espécie. Além das queimaduras, Antã estava desidratada, infectada por parasitas no sangue e com problemas no fígado e na bexiga, sintomas de um corpo já fragilizado pelos danos causados pelo fogo e pelas condições ambientais extremas.
Os incêndios, o resgate e a perda da luta pela vida - Os incêndios no Pantanal, que se tornaram uma rotina devastadora, atingem os animais de formas que nem sempre são imediatas. Quando os veterinários chegaram para resgatar Antã, a onça não ofereceu resistência, como se já tivesse desistido. O comunicado oficial do governo de Mato Grosso do Sul indicou que o felino estava desnutrido, com complicações internas agravadas pela idade. Embora os especialistas soubessem desde o início que o caso era grave, tentaram de tudo para salvar Antã.
O tratamento incluiu uma combinação de técnicas modernas, como ozonioterapia e laserterapia, para tentar curar as queimaduras, além de cuidados com a alimentação e hidratação. Porém, na quarta-feira, Antã sofreu uma parada cardíaca e, após três tentativas de reanimação, a equipe veterinária não conseguiu salvar o animal. Seu corpo foi enviado para necropsia, mas o fogo e o desgaste ambiental já são respostas suficientes para entender o impacto que levou à sua morte.
Batizada de Antã, que significa "forte" em tupi-guarani, a onça-pintada lutou por 25 dias para sobreviver, mas não resistiu às complicações de saúde.
A crise no Pantanal e o colapso da fauna - O Pantanal, uma das maiores e mais biodiversas áreas úmidas do mundo, tem sido duramente afetado por incêndios nos últimos anos. Esses incêndios são provocados por uma combinação de desmatamento, queimadas ilegais e uma seca prolongada que vem se intensificando devido às mudanças climáticas. Como resultado, a fauna e a flora da região estão sendo dizimadas, e a morte de Antã é um triste reflexo disso.
As queimaduras visíveis nas patas de Antã são apenas a superfície do problema. Internamente, a desidratação, a anemia e os parasitas no sangue apontam para um ecossistema que está em colapso. O Pantanal, que por séculos foi capaz de se regenerar através dos ciclos naturais de seca e cheia, agora sofre uma pressão insustentável causada pela ação humana e pelos efeitos globais do clima.
Além das queimaduras, Antã apresentava desidratação, parasitas no sangue e problemas no fígado e bexiga, mostrando a extensão do dano ambiental causado pelos incêndios.
O esforço para salvar o que resta - As equipes do Cras e da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) que trabalharam com Antã fizeram todo o possível. O felino foi tratado com pomadas cicatrizantes, bandagens e reposição de fluidos para combater os efeitos das queimaduras e da desnutrição. Porém, a combinação de fatores, incluindo a idade avançada de Antã e as complicações internas, tornou a recuperação impossível. O governo de Mato Grosso do Sul lamentou a morte do animal e ressaltou a importância de ações mais urgentes para preservar o Pantanal e suas espécies.
A quantidade de animais resgatados no Pantanal tem aumentado drasticamente nos últimos anos, especialmente entre espécies ameaçadas, como a onça-pintada. Se antes o foco da conservação era evitar a caça e proteger os habitats naturais, agora a maior ameaça vem do fogo, que destrói rapidamente o que resta de território seguro para esses animais.
A onça passou por ozonioterapia e laserterapia para tratar as queimaduras, mas a gravidade das lesões e o estado geral debilitado do animal dificultaram a recuperação.
Mais que uma onça, um símbolo da crise ambiental - A morte de Antã é apenas uma parte de um quadro muito maior e mais complexo. O Pantanal está em crise, e essa crise vai além da perda de fauna e flora. É uma crise ambiental, política e econômica que coloca em risco o futuro de espécies que habitam essa região. A onça-pintada, um símbolo da luta pela conservação, está em perigo, e cada animal perdido traz à tona a urgência da situação.
Quando foi resgatada, Antã pesava 72 kg, muito abaixo do ideal de 100 kg para um macho adulto, evidenciando o impacto da desnutrição e dos incêndios no Pantanal.
Enquanto especialistas e ambientalistas tentam salvar o que ainda resta, a morte de Antã é um lembrete sombrio de que o tempo está se esgotando. Os incêndios no Pantanal não são apenas uma tragédia local; eles fazem parte de uma crise global mais ampla. Cada decisão de hoje pode determinar o futuro de um bioma inteiro, e a história de Antã nos lembra da importância de agir antes que seja tarde demais.
