
A Justiça Restaurativa vem ampliando seus espaços de atuação em Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande, a equipe de facilitadores da Justiça Restaurativa na Escola, vinculada à Coordenadoria da Infância e da Juventude (CIJ) do Tribunal de Justiça de MS (TJMS), sob coordenação da desembargadora Elizabete Anache, realizou na última terça-feira (10) o 2º Círculo de Diálogo voltado a profissionais e acadêmicos da área da saúde.

O encontro reuniu acadêmicos da Unigran, dos cursos de Psicologia, Enfermagem, Educação Física e Administração, além de integrantes do PET-Saúde Equidade e professores preceptores da universidade. Também participaram gestores da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).
Ao longo da atividade, os participantes tiveram espaço para compartilhar experiências e preocupações em um ambiente orientado por valores como escuta ativa, não julgamento e sigilo.
“A Justiça Restaurativa tem mostrado resultados expressivos nos espaços de convivência coletiva. Os Círculos de Diálogo permitem enxergar o outro em sua totalidade, reconhecendo necessidades e potencialidades”, afirmou a desembargadora Elizabete Anache.
Ela destacou ainda que o trabalho reforça a missão da Coordenadoria: “É motivo de grande satisfação contribuir com essa prática, ampliando a cultura da paz e da corresponsabilidade em nossa sociedade.”
Integração entre saúde e Justiça Restaurativa
O primeiro encontro ocorreu em 25 de junho, reunindo gestores da Sesau ligados à gestão de pessoas, saúde do trabalhador e responsabilidade técnica, junto a acadêmicos e docentes do PET-Saúde.
A enfermeira Luciane Aparecida Terra, preceptora do PET-Saúde Equidade Unigran/Sesau, foi quem solicitou a realização dos círculos após conhecer a experiência da Justiça Restaurativa com escolas. Para ela, o impacto foi imediato.
“O primeiro encontro foi extremamente profundo e profícuo no sentido de impactos na vida das pessoas e dessas equipes. Percebemos que muito mais pessoas precisavam participar dessa vivência”, relatou.
Segundo Luciane, os círculos trouxeram novas perspectivas para abordar a saúde mental dos trabalhadores da saúde, desde a formação acadêmica até a rotina profissional. “Foi uma esperança de como lidar com os desafios de forma mais humanizada. Pretendemos aplicar essa metodologia em outros grupos e serviços de saúde, ampliando a iniciativa nas próprias unidades.”
Justiça Restaurativa como novo paradigma
A Justiça Restaurativa é definida como um conjunto de técnicas e procedimentos que buscam compreender e tratar as causas relacionais, institucionais e sociais de conflitos e violências. Mais do que um método, trata-se de um novo paradigma baseado no diálogo, na prevenção de conflitos e no fortalecimento de vínculos comunitários.
A experiência em Campo Grande mostra como esse modelo pode ser incorporado também na saúde, ajudando no enfrentamento da violência no trabalho e no apoio à saúde mental de profissionais da área.
