
Na manhã desta quinta-feira, dia 26 de junho, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), por meio da Escola Judicial (Ejud-MS) e da Assessoria de Planejamento, com o apoio da Direção-Geral, realizou o workshop "Meu Lugar: Identidade, Racismo e Justiça" para cerca de 20 alunos do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Professora Clarinda Mendes de Aquino, em Campo Grande. A atividade, que se repetirá em outra turma amanhã (27), busca sensibilizar os estudantes sobre os impactos do racismo estrutural e fortalecer seu papel como agentes transformadores.
Conduzido por uma equipe formada por três servidoras especialistas no tema, além de três voluntários, o workshop abordou questões como a construção da identidade étnico-racial e as formas de discriminação no cotidiano escolar e social. Durante o evento, os participantes puderam refletir sobre a história do racismo no Brasil, desde a Lei de Terras de 1850 até questões atuais envolvendo a ausência de políticas reparatórias pós-abolição.
Uma das idealizadoras da ação, a coordenadora de Gestão Estratégica do TJMS, Josiany Angelica Oliveira, destacou o evento como uma oportunidade valiosa para os estudantes, oferecendo não apenas conhecimento teórico, mas também ferramentas práticas para que os jovens possam ser agentes de transformação no enfrentamento do racismo e na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. As servidoras Kelly Cristina Santana Queiroz Lopes e Sabrina Silva Sabino também participaram.
"O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem uma política de estimular os tribunais a trabalharem para a equidade racial, e nós pensamos em uma ação que pudesse contribuir para isso no ambiente escolar, justamente para ajudar a formar adolescentes críticos, conscientes, protagonistas e responsáveis, mostrando que o Judiciário, além de sua função principal de prestação jurisdicional, também tem uma função social", explicou Josiany.
Além disso, os alunos foram orientados sobre os canais institucionais de denúncia e enfrentamento ao racismo e receberam uma cartilha elaborada pelo TJMS recentemente sobre o combate ao racismo nas escolas (veja no anexo abaixo). A ação ainda proporcionou uma vivência integradora, envolvendo conhecimento histórico, reflexão crítica e práticas criativas — como rodas de conversa e dramatizações lúdicas sobre situações cotidianas em que o racismo se mostra presente.
Para os alunos, as atividades foram fundamentais para despertar o interesse e promover reflexões profundas sobre o tema. Alguns deles chegaram a relatar situações vividas que, de alguma forma, marcaram suas vidas. A estudante Karine Tavares, de 17 anos, conta que usará os conhecimentos adquiridos para ser cada vez mais ativa no combate ao racismo.
"Na escola, principalmente no ensino médio, estamos formando nossa identidade e começando a nos tornar adultos. Por isso, é muito importante discutir assuntos como este. É fundamental que nossa geração aprenda a não ser racista e, principalmente, a combater o racismo de maneira ativa", disse a estudante.
"É muito importante entender a dor do outro, ter respeito e compreender que cada um passa por uma luta diferente. Não basta reconhecer que algo é errado, é preciso agir para que o errado não se perpetue. Ter a compreensão de que o outro enfrenta dificuldades e, a partir disso, agir para mudar essa realidade, é um passo fundamental", completou Karine.
A supervisora do colégio, Suziane Oliveira, agradeceu a visita da equipe do TJMS e relatou que a ação foi recebida com grande entusiasmo pelos alunos. "Os estudantes, que vivenciam diferentes realidades, puderam expressar suas emoções e discutir suas experiências de forma acolhedora e dinâmica. A iniciativa do TJ foi muito bem-vinda, pois trouxe novas abordagens sobre um tema que já é tratado nas escolas, mas que precisa ser rediscutido constantemente", disse Suziane.
Metodologia – A abordagem psicodramática adotada na atividade foi elaborada e conduzida pela servidora Sabrina Silva Sabino, com a participação da servidora Kelly Cristina Santana Queiroz Lopes e de mais três voluntários pesquisadores com experiência em psicodrama e em temáticas raciais. A metodologia contribuiu para um ambiente de escuta ativa e empatia, promovendo vivências significativas e profundas entre os estudantes.
O workshop segue as diretrizes da Portaria CNJ nº 100/2025, que institui políticas públicas voltadas à promoção da igualdade racial dentro do Poder Judiciário, além de estimular a representatividade negra em espaços institucionais. A atividade também reforçou a importância de políticas públicas no combate ao racismo institucional, alinhando-se ao esforço contínuo de promover uma cultura de inclusão e respeito nas instituições públicas.

