
O governo do Paraguai oficializou nesta sexta-feira (31) a designação das facções criminosas brasileiras Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas internacionais. A medida foi formalizada por meio de decreto assinado pelo presidente Santiago Peña, com o objetivo de fortalecer o enfrentamento ao crime organizado transnacional que opera em território paraguaio.
De acordo com o documento, publicado com data de 30 de outubro, há "elementos suficientemente comprovados" que indicam a presença ativa das duas facções em solo paraguaio. A decisão ocorre em meio ao aumento da cooperação entre Brasil e Paraguai no combate ao tráfico de drogas, armas e crimes fronteiriços.
A classificação das facções como entidades terroristas permite ao governo paraguaio ampliar os instrumentos legais para repressão, incluindo o bloqueio de ativos financeiros, a prisão de integrantes e maior colaboração com organismos internacionais de segurança.
O Paraguai é apontado por autoridades brasileiras como ponto estratégico para a logística do crime organizado, devido à sua extensa fronteira seca com os estados do Mato Grosso do Sul e Paraná. Por essa rota, entram grande parte das armas e drogas destinadas aos centros urbanos do Sudeste e Nordeste do Brasil.
Embora ainda não haja números oficiais sobre o contingente de membros do PCC ou do Comando Vermelho atuando no país vizinho, investigações de forças de segurança apontam que ambas as facções operam com ramificações locais, recrutando integrantes paraguaios para atuar como intermediários e executores.
Decisão ocorre após megaoperação no Rio - A medida do governo paraguaio foi tomada três dias após uma operação da Polícia Militar do Rio de Janeiro resultar em 121 mortes nas comunidades do Complexo da Penha e do Alemão. A ação mirava o Comando Vermelho, que tem forte presença na capital fluminense. O PCC, por sua vez, é originário de São Paulo e mantém influência crescente em outros estados e países sul-americanos.
Ao enquadrar formalmente as facções como terroristas, o Paraguai sinaliza alinhamento com políticas de segurança mais rigorosas e busca respaldo para ampliar sua atuação interna e externa no enfrentamento ao narcotráfico e à lavagem de dinheiro.

