A Justiça de Mato Grosso do Sul atendeu ao pedido da defesa e concedeu prisão domiciliar ao ex-deputado estadual Roberto Razuk, 84, após a detenção que aconteceu ontem (25) durante a quarta fase da Operação Successione. A decisão, assinada pela juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, considerou o estado de saúde "extremamente debilitado" do investigado, e foi acompanhada de parecer favorável do Ministério Público de Mato Grosso do Sul.
Na manhã desta quarta-feira (26), durante entrevista o "Giro Estadual de Notícias" do Grupo Feitosa de Comunicação, o advogado do ex-deputado, André Borges, enfatizou que a concessão da prisão domiciliar foi um passo essencial para garantir o tratamento médico adequado ao cliente, sem prejuízo da atuação da defesa. "Existe lei no Brasil dizendo que para pessoas acima de oitenta anos de idade e que comprove risco à saúde, ela tem o direito de cumprir esse tipo de prisão no domicílio para garantir o tratamento médico", afirmou.
De acordo com o advogado criminalista, a família do ex-deputado apresentou ao fórum em Campo Grande documentação médica robusta, atestando seu estado de saúde comprometido. Além da idade, Razuk passou por uma cirurgia no início deste mês no estado de São Paulo e ainda se recupera, enfrentando tratamento para comorbidades não detalhadas pela família. "A documentação médica é muito consistente, tanto que levou o próprio Ministério Público, que havia pedido a prisão, a concordar que ele ficasse em sua residência com tornozeleira."
Advogado André Borges: Ex-deputado Roberto Razuk, 84 anos, obtém prisão domiciliar após detenção na Operação Successione. Defesa aponta saúde debilitada
A tornozeleira eletrônica será instalada ainda nesta manhã em Dourados antes do retorno de Razuk para sua casa. A partir desse momento, segundo Borges, a prioridade será a recuperação da saúde.
Defesa aguarda acesso ao processo e planeja estratégia de defesa - Com a prisão domiciliar em vigor, o foco imediato da defesa será cuidar da saúde do cliente. Apenas a partir de hoje, informou André Borges, a equipe terá acesso à íntegra do processo que motivou a ordem de prisão. "Ontem foi um dia dedicado exclusivamente a garantir essa prisão domiciliar, porque ela realmente é importante para que o cliente continue se dedicando a recuperar a saúde que está muito abalada."
Nos próximos dias, a defesa se reunirá com Razuk e sua família para analisar os autos e entender as acusações, que, conforme divulgam veículos de imprensa, envolvem suposta participação em organização criminosa e jogos ilegais possivelmente o jogo do bicho. Segundo Borges, se a acusação for de fato essa, Razuk se considera "muito tranquilo". "Ele poderá apresentar evidências, provas etc., de ser um cidadão ficha limpa, um empresário reconhecido em Dourados, que cuida dos seus negócios, que vai se apresentar à justiça de maneira tranquila, regular, e se defender."
A decisão judicial fixa o prazo de 180 dias para a prisão domiciliar de Razuk. Durante esse período, será realizada uma perícia médica para que o Estado comprove, ou não, a alegada fragilidade de saúde que fundamentou o pedido da defesa. Enquanto isso, Razuk permanecerá em casa, usando tornozeleira, com prioridade ao tratamento médico e à preparação de sua defesa.
Segundo André Borges, a expectativa é de que, após a perícia, seja possível pleitear até mesmo a completa revisão das medidas cautelares, conforme a evolução da saúde do ex-deputado. "Enquanto ele está em prisão domiciliar, ele passa agora a cuidar da saúde em primeiro lugar e se dedicar também a fazer a sua defesa perante a justiça, porque o processo praticamente nem começou ainda," declarou o advogado.
