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24 de outubro de 2025 - 17h00
TJMS
JUSTIÇA

Juiz que criticou a Lava Jato é investigado por suposta tentativa de furto de champanhe

Eduardo Appio, ex-titular da 13ª Vara de Curitiba e autor de livro com duras críticas a Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, nega envolvimento no caso

24 outubro 2025 - 13h35Fausto Macedo
Juiz Eduardo Appio, autor de livro com críticas à Lava Jato, é alvo de investigação por caso inusitado em SC
Juiz Eduardo Appio, autor de livro com críticas à Lava Jato, é alvo de investigação por caso inusitado em SC - Foto: Reprodução / Justiça Federal do Paraná

O juiz federal Eduardo Appio, conhecido por sua atuação crítica à Operação Lava Jato, tornou-se alvo de uma investigação após ser citado em uma ocorrência policial por suposta tentativa de furto de três garrafas de champanhe Möet & Chandon, em um supermercado de Blumenau (SC). O caso, considerado insólito até mesmo nos bastidores do Judiciário, ocorreu na última quarta-feira (22) e está sendo apurado sob sigilo.

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Imagens de câmeras de segurança do estabelecimento teriam registrado o episódio, segundo a Polícia Civil de Santa Catarina, que comunicou o fato ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), sediado em Porto Alegre. A Corte, por ora, não se manifestou oficialmente, mas confirmou que um procedimento disciplinar será conduzido pela Corregedoria para apurar o ocorrido.

Procurado pelo Estadão, Appio afirmou: “Não sei de nada. Meu advogado vai explicar esse mal-entendido.”

Sucessor de Moro e crítico declarado da Lava Jato - Appio ganhou notoriedade nacional ao assumir, em 2023, a vaga deixada por Sérgio Moro na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba — base da força-tarefa da Lava Jato. Em sua curta gestão à frente da vara, o magistrado questionou publicamente decisões e condutas adotadas por Moro e pelo ex-procurador da República Deltan Dallagnol.

Autor do livro "Tudo por dinheiro: a ganância da Lava Jato", Appio descreve a operação como um projeto político e midiático conduzido por interesses pessoais. No texto, chega a afirmar que a Lava Jato operava como uma “organização criminosa” dentro do Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

“Ao assumir a vara, encontrei um verdadeiro cipoal de processos. Era impossível se localizar ali. Moro foi, sem dúvida, o pior gestor que conheci. Isso parece ter sido feito de forma dolosa”, escreveu Appio no livro.

A citação do juiz em um boletim de ocorrência rapidamente ganhou repercussão no meio jurídico e político, especialmente por seu histórico de embates com figuras centrais da Lava Jato. O episódio também coloca mais pressão sobre o TRF4, já envolvido em diversas controvérsias relacionadas à operação nos últimos anos.

O senador Sérgio Moro, ao ser procurado pelo Estadão na época do lançamento do livro, minimizou as críticas de Appio e afirmou que “não têm credibilidade”. Em tom mais duro, disse que o juiz tem “comportamento extravagante que revela, no mínimo, falta de caráter e desequilíbrio mental”.

Investigação corre sob sigilo - Por se tratar de um magistrado federal, o caso está sendo tratado com cautela pelas autoridades. O TRF4 foi oficialmente comunicado pela Polícia Civil catarinense, que segue apurando os detalhes da suposta tentativa de furto. Cada garrafa da marca Möet & Chandon pode custar até R$ 500.

O TRF4 deve aguardar os desdobramentos da investigação para tomar eventuais medidas administrativas ou disciplinares. O caso está sendo tratado como “procedimento de correição” e deve permanecer sob sigilo até que se tenha um parecer conclusivo.

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