
O caso de racismo sofrido por Noemi Oliveira Silva, em seu primeiro dia de trabalho em uma unidade da Drogasil, em São Paulo, voltou a repercutir nesta semana após a divulgação de um vídeo gravado em 2018. Sete anos depois do episódio, a Justiça do Trabalho condenou a rede farmacêutica a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 52 mil.

As imagens, que circularam entre funcionários na época como forma de apresentação de novos colaboradores, mostram Noemi sendo filmada pela própria pessoa que a ofendia. Após a breve apresentação, ela ouviu frases como:
“Tá escurecendo a nossa loja? Acabou a cota, tá, gente? Negrinho não entra mais.”
O sorriso da jovem se desfaz imediatamente diante da humilhação, como relatou o Conselho Federal de Farmácia (CFF) em nota oficial de repúdio publicada nesta terça-feira (12).
Trabalho e ação na Justiça
Apesar das agressões, Noemi permaneceu na empresa até 2022, quando foi demitida. No mesmo ano, entrou com uma ação trabalhista por horas extras e descumprimento de intervalos de descanso. Por orientação de sua defesa, ela incluiu também pedido de indenização pelos atos de preconceito sofridos em 2018.
O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região fixou inicialmente a indenização em R$ 37.258,05, valor que, corrigido, chegou a aproximadamente R$ 52 mil. O pagamento foi realizado em fevereiro de 2025, após a fase de execução do processo.
Reações e posicionamentos
O presidente do CFF, Walter Jorge João, reforçou que racismo é crime e deve ser combatido em qualquer ambiente:
“Nossa resposta é clara: não aceitaremos injustiça ou desrespeito em nenhuma circunstância.”
A RD Saúde, grupo que controla a rede de drogarias, lamentou o episódio e afirmou em nota que “diversidade e respeito são valores primordiais”. Segundo a empresa, em 2024 o quadro de funcionários chegou a 34 mil pessoas pretas e pardas, com 50% das posições de liderança ocupadas por profissionais negros.
O crime de racismo
No Brasil, racismo é considerado crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de um a cinco anos de reclusão, além de multa. Especialistas reforçam a importância de denunciar casos como o de Noemi para que a responsabilização ocorra também na esfera criminal.
