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8 DE JANEIRO

Moraes diz que não recuará "um milímetro" nas investigações sobre 8 de Janeiro

Ministro do STF afirma que fará "o que é certo" nos processos que envolvem Bolsonaro e rebate críticas de Trump

18 agosto 2025 - 08h40Ricardo Eugenio
O ministro Alexandre de Moraes diz que não vai recuar nas investigações do 8 de Janeiro
O ministro Alexandre de Moraes diz que não vai recuar nas investigações do 8 de Janeiro - (Foto: Divulgação)

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes afirmou que não irá ceder a pressões externas e que continuará conduzindo os processos relacionados aos atos de 8 de Janeiro “fazendo o que é certo”. A declaração foi dada em entrevista ao jornal The Washington Post, publicada nesta segunda-feira (18).

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“Não existe a menor possibilidade de recuar um milímetro sequer”, disse. “Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas. E quem tiver de ser condenado, será condenado. E quem tiver de ser absolvido, será absolvido.”

As declarações de Moraes foram uma resposta às críticas feitas pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que classificou as decisões do magistrado sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “caça às bruxas”. O republicano também incluiu o nome de Bolsonaro em um decreto que impõe tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.

Na entrevista, Moraes afirmou que o Brasil esteve ameaçado por “forças poderosas que queriam desfazer a democracia” e comparou o combate a essas ameaças à aplicação de uma vacina. “O Brasil foi infectado pela doença da autocracia. Meu papel é aplicar a vacina”, afirmou.

Segundo o ministro, o processo judicial envolvendo os atos de 8 de Janeiro segue o devido processo legal e já ouviu 179 testemunhas. “Enquanto houver necessidade, as investigações vão continuar”, disse.

Ao ser questionado sobre o poder que concentra, Moraes negou excesso e afirmou que decisões de sua relatoria já foram revisadas mais de 700 vezes pelos colegas do STF. “Sabe quantas eu perdi? Nenhuma sequer”, declarou.

A reportagem do Washington Post também ouviu amigos e colegas do ministro. A maioria o defendeu. O ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello, aposentado desde 2021, afirmou estar “entristecido” com a “deterioração” da Corte. Moraes respondeu que “não há como recuar do que devemos fazer” e disse agir com “tranquilidade”.

Na entrevista, o ministro comentou ainda a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vive nos Estados Unidos desde fevereiro e faz campanha por sanções contra autoridades brasileiras. Moraes classificou as ações do parlamentar como baseadas em “falsas narrativas” e atribuiu a ele a disseminação de desinformação que “envenenou” a relação entre Brasil e EUA.

O ministro também comentou sua inclusão na lista de sanções da Lei Magnitsky, legislação dos EUA que impõe restrições econômicas e sociais a pessoas acusadas de violar direitos humanos. “É agradável passar por isso? Claro que não é”, disse.

Apesar das tensões recentes, Moraes afirmou que a relação entre os dois países permanece sólida. “Brasil e Estados Unidos sempre serão países amigos. Os desentendimentos são passageiros.”

Por fim, disse buscar inspiração na governança norte-americana e citou os autores John Jay, Thomas Jefferson e James Madison. “Todo constitucionalista tem grande admiração pelos Estados Unidos”, concluiu.

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