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14 de dezembro de 2025 - 17h52
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GUERRA NA EUROPA

Zelensky admite abrir mão da Otan por garantias, mas recusa ceder Donetsk à Rússia

Presidente ucraniano critica proposta de zona econômica livre e exige garantias legais do Ocidente para encerrar conflito

14 dezembro 2025 - 15h00Redação O Estado de S. Paulo
Zelensky participa de reunião com enviados dos EUA e chanceler alemão em Kiev neste domingo (14)
Zelensky participa de reunião com enviados dos EUA e chanceler alemão em Kiev neste domingo (14) - Foto: Reprodução

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, sinalizou neste domingo (14) que está disposto a retirar a candidatura de seu país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), desde que receba garantias de segurança firmes do Ocidente. No entanto, ele rejeitou qualquer proposta de cessão de território à Rússia como condição para um possível acordo de paz.

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A declaração ocorre após reuniões com os enviados norte-americanos Steve Witkoff e Jared Kushner, aliados próximos de Donald Trump. Durante o encontro, realizado com a presença do chanceler alemão Friedrich Merz, Zelensky reafirmou que a entrada na Otan já encontra resistência de países ocidentais e, por isso, espera uma alternativa que seja juridicamente vinculativa.

"Estas garantias de segurança são uma oportunidade para prevenir outra onda de agressão russa", disse. "E isto já é uma concessão da nossa parte", acrescentou, destacando que qualquer compromisso precisa do aval do Congresso dos Estados Unidos.

Pressão por cessão territorial é recusada - Zelensky revelou que os EUA sugeriram a criação de uma zona econômica livre desmilitarizada na região de Donetsk, proposta que inclui a retirada de tropas ucranianas da linha de frente. O presidente ucraniano criticou a ideia, chamando-a de impraticável.

"Se estamos falando de uma zona tampão e as tropas devem se retirar, então por que as tropas russas não se retiram à mesma distância nos territórios ocupados?", questionou.

Donetsk, atualmente em grande parte ocupada por forças russas, é um dos pontos mais sensíveis das negociações. A proposta americana buscaria um congelamento das posições militares, mas Zelensky insistiu em manter as linhas como estão hoje, sem concessões adicionais.

Rússia também rejeita condições ocidentais - Do lado russo, o assessor de assuntos externos de Vladimir Putin, Yuri Ushakov, confirmou que a criação de uma zona desmilitarizada foi discutida em Moscou com os mesmos representantes norte-americanos. No entanto, ele criticou o envolvimento de ucranianos e europeus nos ajustes da proposta inicial.

"É improvável que o contributo dos ucranianos e europeus seja construtivo", afirmou Ushakov em entrevista à TV estatal russa, alertando que Moscou terá “objeções muito fortes” caso seus interesses não sejam respeitados. Ele também deixou claro que tropas e forças de segurança russas permaneceriam em partes de Donetsk mesmo sob um acordo de desmilitarização.

O chanceler alemão Friedrich Merz, um dos principais articuladores europeus no apoio à Ucrânia, reforçou no sábado (13) que o objetivo de Putin é a redefinição das fronteiras europeias. “Se a Ucrânia cair, ele não irá parar”, declarou durante uma conferência em Munique. Segundo Merz, a era da “Pax Americana” está se encerrando na Europa, exigindo uma nova postura do continente.

Putin, por sua vez, nega qualquer intenção de restaurar a antiga União Soviética ou invadir países aliados da Otan.

Conflito segue com ataques de ambos os lados - Enquanto negociações seguem nos bastidores, os ataques continuam. A Força Aérea da Ucrânia informou que a Rússia lançou 138 drones e mísseis balísticos contra o país na noite de sábado (13). Ao menos 110 foram abatidos, mas seis regiões registraram danos, deixando centenas de milhares de ucranianos sem luz, água e aquecimento.

Zelensky informou que, só na última semana, a Rússia lançou mais de 1.500 drones, 900 bombas aéreas guiadas e 46 mísseis contra alvos ucranianos.

A Rússia também relatou novos ataques com drones. O Ministério da Defesa russo afirmou que abateu 235 drones ucranianos no fim de semana. Houve danos em Belgorod, Volgogrado e Krasnodar, com registro de incêndios e destruição parcial em áreas residenciais e industriais, incluindo um depósito de petróleo.

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