
O Governo de Mato Grosso do Sul confirmou nesta quarta-feira (27) que o consórcio liderado pela XP Investimentos venceu a disputa pela concessão de 870 quilômetros de rodovias que ligam pontos estratégicos do estado. O anúncio foi publicado no Diário Oficial e dá andamento à privatização da chamada Rota da Celulose, um dos maiores projetos de infraestrutura logística do Centro-Oeste.

A decisão, no entanto, ainda não é o fim da novela. Isso porque o grupo que havia vencido o leilão inicialmente, o Consórcio K&G Rota da Celulose, foi desclassificado por problemas em outra concessão que administrava no Rio de Janeiro. Eles ainda podem entrar com recurso na Justiça para tentar reverter a situação.
O caso é o seguinte: em maio deste ano, a disputa aconteceu na B3, a bolsa de valores de São Paulo. O consórcio K&G ofereceu um desconto de 9% nos pedágios, ganhando a primeira posição. A XP, com desconto de 8%, ficou em segundo lugar, mas entrou com um recurso dizendo que a concorrente não podia participar da licitação, já que havia sido retirada de outra concessão — a BR-393, no Rio de Janeiro — por dívidas e falta de manutenção.
O argumento colou. Segundo o governo estadual, a habilitação da K&G na licitação dependia justamente da experiência na BR-393. Como ela perdeu essa concessão, perdeu também o direito de participar da disputa em Mato Grosso do Sul.“A decisão ratifica a inabilitação do Consórcio K&G Rota da Celulose”, declarou o secretário de Infraestrutura, Guilherme Alcântara de Carvalho, no documento publicado oficialmente.
Quem são os novos donos das estradas? Com a decisão, a XP Investimentos passa a liderar o consórcio que deve cuidar das rodovias BR-262, BR-267 e MS-040. Essas estradas cortam regiões importantes, incluindo a frente da megafábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo, passando por Três Lagoas, Bataguassu, Nova Alvorada do Sul, Água Clara e Campo Grande.
Fazem parte do grupo as construtoras CLD, Caiapó, Ética, Conter e Disbral, todas com experiência em obras rodoviárias. Algumas delas, como a Caiapó e a Ética, já atuam no estado em projetos de pavimentação e manutenção.
O pacote da concessão prevê:
115 km de duplicações
245 km de terceiras faixas
38 km de contornos urbanos
12 km de vias marginais
Mais de 450 km com acostamento em toda a malha
Com isso, o governo espera tirar o tráfego pesado de dentro de cidades como Ribas do Rio Pardo, Água Clara e Bataguassu, melhorando o fluxo e aumentando a segurança.
E os pedágios? Serão 12 pontos de cobrança, mas nenhum terá praça de pedágio física. Todo o processo será automatizado, por meio de tags eletrônicas, como as usadas em pedágios sem parar. A ideia é evitar filas e reduzir custos.
Por enquanto, o contrato ainda não foi assinado. A equipe de licitação precisa se manifestar oficialmente sobre o último recurso da K&G, e a Justiça também pode ser acionada.
Caso tudo siga como está, o consórcio Caminhos da Celulose assume o trecho e começa as obras e melhorias. A expectativa é que o projeto ajude a escoar melhor a produção de celulose, grãos e cargas diversas, fortalecendo a economia da região.
