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GERAL

Venezuelanos em Boa Vista participam de curso virtual de português

Iniciativa visa maior integração de refugiados e imigrantes no Brasil

3 agosto 2020 - 14h33
(Foto: Fabiana A. Vieira/AVSIBrasil )
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O idioma é uma das dificuldades encontradas pelos imigrantes e refugiados venezuelanos que vêm para o Brasil em busca da oportunidade de se fixar no país. Em Boa Vista, no estado de Roraima, um grupo de 330 venezuelanos vai participar de cursos de português gratuitamente, sem sair dos centros de acolhida em que estão abrigados. A duração do curso será de dois meses, com início hoje (3).

Venezuelanos abrigados em Boa Vista participam de curso virtual para aprender português
Aulas de português serão no abrigo onde os venezuelanos vivem- Fabiana A. Vieira/AVSIBrasil

Iniciativa da Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI) Brasil dentro do projeto “Acolhidos por meio do trabalho”, as aulas virtuais serão ministradas por professores do Senac e mais sete profissionais darão apoio presencial nos abrigos, sendo três deles imigrantes venezuelanos.

jovem Mario Isnardo de 19 anos
Mario Isnardo será um facilitador do curso no abrigo - Arquivo pessoal

Um desses profissionais é o jovem Mario Isnardo de 19 anos, que está no Brasil há 1 ano e oito meses, e mora junto dos pais e da irmã, de 15 anos. Devido à crise política, social e econômica no país vizinho, famílias como as de Mario atravessaram a fronteira terrestre para buscar recursos e até refúgio em terras brasileiras.

“Quando eu cheguei aqui, eu não sabia português, a comunicação era ruim para mim, [os brasileiros] não me entendiam, então era muito difícil. Eu aprendi português estando na rua. Eu lembro que eu vendia salgado, aí eu não compreendia nada do que as pessoas falavam para mim. Eles falavam que queriam tal coisa, como uma coxinha, e eu não entendia. Às vezes eles [brasileiros] ficam bravos porque nós não conseguimos entender eles”, contou Mario.

Para ele, o curso de português é um benefício para os venezuelanos que querem se fixar no país.“É muito importante para eles aprenderem o português, porque assim vão ter mais facilidade de conseguir emprego, de trabalhar, de se comunicar com as pessoas brasileiras para entender o que eles estão procurando. Muitas vezes, saem para fazer uma diária [de trabalho], para conseguirem emprego e as pessoas não conseguem entender já que eles não sabem português”, disse.

Para Thais Braga, gerente especial do projeto na AVSI Brasil, o idioma é uma questão importante para dar acesso ao mercado de trabalho para os venezuelanos. “Esses cursos são fundamentais para esses venezuelanos por dois grandes motivos que são ligados aos objetivos do nosso projeto: facilitar a entrada deles no mercado de trabalho brasileiro e facilitar a integração socioeconômica deles aqui no país”, disse. O projeto “Acolhidos por meio do trabalho” prevê colocação no mercado de trabalho e interiorização de venezuelanos adultos com suas famílias.

A entidade é responsável também pela gestão dos sete abrigos da Operação Acolhida – força tarefa humanitária do governo federal – em Boa Vista, em que vivem cerca de 5 mil venezuelanos e onde serão realizadas as aulas. A estimativa é de formação de um total de 632 venezuelanos até o final de setembro do ano que vem.

A gerente do projeto destaca que o aprendizado do português é um elemento central tanto para uma boa comunicação durante um processo seletivo como para a própria interação nas comunidades onde essas pessoas vão se estabelecer. Sobre os profissionais venezuelanos que estão trabalhando no projeto, Thais relata que eles reconhecem a importância do aprendizado do português porque já tiveram essa dificuldade quando chegaram aqui no Brasil.

“Eles mais do que ninguém sabem a importância que tem o idioma aqui para uma integração adequada. E claro que os alunos vão se sentir muito mais inspirados e acho que até mais acolhidos quando sentirem que tem uma pessoa ali que está dando um apoio para eles que, de certa forma, já esteve em algum lugar parecido com o deles”, disse.

Devido às restrições para evitar a disseminação da covid-19, as turmas serão compostas em grupos de dez a 20 pessoas e os alunos ficarão com uma distância mínima de 1,5 metro um do outro, além de receber máscaras para uso durante aulas. A higienização das mãos também está prevista com álcool em gel, que deverá ser utilizado cada vez que alguém entrar na sala.

O projeto é implementado pela AVSI Brasil e Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) e financiado pelo Departamento de População, Refugiados e Migração (PRM) dos EUA.

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