
O Vaticano declarou oficialmente como "não sobrenatural" o fenômeno das supostas aparições de Jesus na cidade de Dozulé, na França, registradas entre 1972 e 1978. A manifestação foi enviada ao bispo da diocese de Bayeux-Lisieux por meio de carta assinada pelo cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé.
A protagonista das alegações é Madeleine Aumont, que dizia ter recebido 49 mensagens atribuídas a Jesus, incluindo o pedido para a construção de uma cruz luminosa com 738 metros de altura, conhecida como a “Cruz Gloriosa”.
A nova instrução do Vaticano, aprovada pelo Papa Francisco, descarta o caráter sobrenatural das aparições e destaca que, embora o conteúdo traga apelos à conversão e à penitência, há questões teológicas que levantam preocupações.
O documento enfatiza que manifestações de fé, mesmo legítimas, não devem se basear em revelações privadas que não passaram pelo discernimento formal da Igreja. "Parece enganoso, tanto do ponto de vista teológico quanto pastoral-simbólico, comparar a 'Cruz Gloriosa' de Dozulé com a de Jerusalém", diz o texto.
A Santa Sé reconhece a importância da veneração da cruz como símbolo central da fé cristã, mas adverte que isso deve ocorrer dentro dos limites da doutrina. “Qualquer outro sinal, por mais devoto ou monumental que seja, não pode ser colocado no mesmo plano”, reforça a carta.
Na mesma semana, o Vaticano também orientou que católicos não utilizem o título de “corredentora” para Maria. Segundo o Dicastério, embora Maria tenha cooperado com a missão redentora de Cristo, atribuir a ela papel de co-redentora compromete a compreensão da mediação única de Jesus.
De acordo com o decreto, esse tipo de título “pode gerar confusão” e “desequilíbrio” na doutrina da fé cristã, ao diluir o papel central de Cristo como único mediador.

