
A jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, foi vigiada, controlada e ameaçada pelo ex-noivo Caio Nascimento nas semanas que antecederam sua morte. Um relatório do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) revelou que ela foi vítima de violência psicológica e perseguição.

Vanessa foi morta no dia 12 de fevereiro, em Campo Grande (MS), com três facadas no tórax, dentro da própria casa. Horas antes do crime, ela foi à Delegacia da Mulher e registrou boletim de ocorrência contra o ex, com quem já não mantinha relacionamento.
Segundo os promotores do Gaeco, Vanessa teve seus últimos dias marcados por medo e controle constante.
Ele vigiava tudo - O relatório foi produzido após a quebra de sigilo dos celulares de Caio. As mensagens mostram que ele exigia saber onde Vanessa estava a todo momento, obrigando-a a compartilhar localização em tempo real, inclusive durante o expediente de trabalho.
Quando ela não respondia, ele ativava sons remotamente no celular para forçar uma reação. Também tinha acesso aos e-mails dela, mudava senhas e fiscalizava os contatos com amigos e colegas de trabalho.
Em várias conversas, Caio cobrava explicações sobre pessoas que apareciam como sugestão em redes sociais. Em seguida, pedia desculpas e dizia que iria melhorar. Segundo o Ministério Público, esse tipo de comportamento é comum em situações de violência emocional, com ciclos de agressão e pedido de perdão.
Tentativa de se afastar - No dia 11 de fevereiro, um dia antes do crime, Vanessa removeu os acessos de Caio às redes sociais e mudou suas senhas. Também foi à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) para registrar a denúncia.
Depois disso, voltou para casa no bairro São Francisco para buscar seus pertences. Foi nesse momento que Caio a atacou com três facadas. Ela chegou a ser socorrida com vida, mas não resistiu aos ferimentos no hospital.
Prisão e conclusão do caso - Caio Nascimento foi preso dois dias depois do crime, no dia 14 de fevereiro. Para o Gaeco, entre os dias 23 de janeiro e 12 de fevereiro, ele perseguiu Vanessa de forma implacável, violando sua liberdade, privacidade e saúde emocional.
O relatório serve como base para o processo de feminicídio, que está em andamento. O caso reforça a necessidade de ações mais rápidas e eficazes para proteger mulheres em situação de risco.
