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23 de dezembro de 2025 - 20h41
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ENSINO SUPERIOR

Universidades federais sofrem corte de R$ 488 milhões no orçamento de 2026

Andifes alerta para redução de 7,05% nos gastos de custeio, impacto na assistência estudantil e risco de orçamento menor que em 2025

23 dezembro 2025 - 18h30Paula Ferreira
Vista aérea da Cidade Universitária da UFRJ, maior universidade federal do País.
Vista aérea da Cidade Universitária da UFRJ, maior universidade federal do País. - (Foto: Divulgação/UFRJ)
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A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgou nesta terça-feira (23) nota em que alerta para um corte de R$ 488 milhões no orçamento das universidades e institutos federais em 2026. A redução atinge os recursos discricionários – aqueles usados para custeio, como contas de água, luz, limpeza, contratos de serviços e bolsas de assistência estudantil – e representa queda de 7,05% em relação ao previsto anteriormente.

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Segundo a entidade, o corte foi feito pelo Congresso Nacional durante a tramitação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) enviado pelo Executivo e agrava um quadro que já é considerado “crítico” pelas instituições federais de ensino superior.

No comunicado, a Andifes afirma que os cortes “incidiram de forma desigual entre as universidades e atingiram todas as ações orçamentárias essenciais ao funcionamento da rede federal de ensino superior”.

Uma das áreas mais afetadas é a assistência estudantil, considerada estratégica para garantir a permanência de estudantes de baixa renda nas universidades. Apenas nessa ação, segundo a entidade, foram cortados R$ 100 milhões, o que significa redução de 7,3% no orçamento destinado ao apoio direto aos alunos em situação de vulnerabilidade.

Além da assistência, o orçamento discricionário é o responsável por despesas de manutenção básica, como energia elétrica, água, limpeza, segurança, contratos terceirizados e serviços de apoio. A Andifes alerta que, sem recomposição, as universidades podem ter dificuldade para manter o funcionamento pleno de campi e serviços essenciais.

“Os cortes aprovados agravam um quadro já crítico. Caso não haja recomposição, o orçamento das Universidades Federais em 2026 ficará nominalmente inferior ao orçamento executado em 2025, desconsiderando os impactos inflacionários e os reajustes obrigatórios de contratos, especialmente aqueles relacionados à mão de obra”, diz a nota.

A entidade ressalta ainda que os cortes não se restringem às universidades em si e atingem também órgãos fundamentais para a pesquisa e a pós-graduação no País, como a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Na avaliação da Andifes, a redução de recursos nesses órgãos fragiliza o desenvolvimento científico e tecnológico, já que atinge diretamente programas de bolsas, fomento à pesquisa e formação de mestres e doutores.

“Estamos, portanto, em um cenário de comprometimento do pleno desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão nas Universidades Federais, de ameaça à sustentabilidade administrativa dessas instituições e à permanência dos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica”, afirma o comunicado.

A Andifes informou que está em articulação com o Congresso Nacional e com o Governo Federal para tentar recompor o orçamento de 2026. A entidade cobra uma solução que ao menos iguale, em termos reais, o montante executado em 2025, levando em conta inflação e reajustes de contratos.

O Ministério da Educação (MEC) foi questionado pela imprensa sobre quais medidas serão adotadas para recompor os valores cortados, mas ainda não se manifestou.

A disputa por mais recursos não é nova. Após anos de relação conturbada com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, as universidades federais retomaram o diálogo com Brasília a partir do início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda assim, as instituições continuaram enfrentando restrições orçamentárias.

Em maio deste ano, universidades anunciaram medidas de contenção de gastos, como redução de despesas com combustível, suspensão da compra de equipamentos de informática e corte em passagens aéreas. Na ocasião, diminuições aprovadas pelo Congresso e sancionadas pelo governo, somadas a mudanças na forma de repasse, comprimiram ainda mais o orçamento das federais. Após forte reação da comunidade acadêmica e da Andifes, o governo anunciou recomposição parcial dos recursos.

Agora, com mais um corte projetado para 2026, a entidade volta a alertar para o risco de paralisação de atividades, queda na qualidade do ensino, interrupção de projetos de pesquisa e aumento da evasão de estudantes de baixa renda, caso não haja uma nova recomposição.

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