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GERAL

CTO da TCS alerta para desafio de requalificação diante do avanço da inteligência artificial

Para Harrick Vin, soft skills e aprendizado contínuo serão mais importantes que diplomas técnicos na era das máquinas inteligentes

11 agosto 2025 - 16h35Eduardo Laguna, enviado especial*
ChatGPT é uma das ferramentas de inteligência artificial mais utilizadas por estudantes
ChatGPT é uma das ferramentas de inteligência artificial mais utilizadas por estudantes - (Foto: Adobe Stock)

Chefe de tecnologia da Tata Consultancy Services (TCS), o engenheiro indiano Harrick Vin entende que as escolas e as universidades estão com dificuldades para acompanhar as mudanças rápidas promovidas pela inteligência artificial no ambiente de trabalho, que levam à necessidade de requalificação do capital humano.

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Para Vin, considerado um guru na Ásia das áreas de computação e transformação digital, o modelo de educação tradicional segue muito voltado aos hard skills - ou seja, à formação técnica comprovada por diplomas e certificados - quando as transformações em curso pedem mais soft skills - isto é, habilidades comportamentais e pensamento crítico.

Essa deficiência na formação de trabalhadores nas habilidades requeridas pelas novas tecnologias representa, na visão do especialista, uma preocupação maior do que o debate em torno da destruição de empregos pela inteligência artificial.

"Uma nova geração de empregos está sendo criada. Toda tecnologia torna certos empregos menos importantes, e alguns novos empregos mais importantes. Então, o que mais me preocupa não são necessariamente as perdas de emprego, mas sim a requalificação das pessoas", comenta Vin. "Como garantimos que as pessoas estejam constantemente sendo requalificadas para se prepararem aos empregos de amanhã, e não necessariamente aos de ontem? Esse é, talvez, o maior desafio", acrescenta.

Membro da Academia Nacional Indiana de Engenharia, Vin foi professor de ciências da computação na Universidade do Texas por 15 anos, antes de entrar, em julho de 2005, no grupo Tata, um conglomerado indiano cujos negócios vão da produção de automóveis, aço e produtos químicos a telecomunicações, redes de hotéis e lojas de aparelhos eletrônicos.

Há dois anos, ele ocupa o cargo de diretor de tecnologia - CTO na sigla em inglês - da TCS, o braço do grupo em consultoria, soluções de negócios e serviços de tecnologia da informação que ajuda clientes a se adaptarem aos novos tempos.

O engenheiro indiano Harrick Vin, diretor de tecnologia da Tata Consultancy Services (TCS), avalia que escolas e universidades ainda não conseguem acompanhar a velocidade das transformações provocadas pela inteligência artificial (IA) no mercado de trabalho. Para ele, a maior preocupação não é a perda de empregos, mas sim a necessidade urgente de requalificação do capital humano.

“O que mais me preocupa não são necessariamente as perdas de emprego, mas sim a requalificação das pessoas. Como garantimos que elas estejam se preparando para os empregos de amanhã, e não para os de ontem? Esse é, talvez, o maior desafio”, afirmou durante encontro com empresários, autoridades e jornalistas brasileiros em Mumbai.

Segundo Vin, considerado um dos principais nomes da Ásia em computação e transformação digital, a educação formal ainda privilegia hard skills, competências técnicas comprovadas por diplomas, enquanto o futuro exige mais soft skills, como pensamento crítico, comunicação e capacidade de lidar com ambiguidades.

Com experiência de 15 anos como professor de ciência da computação na Universidade do Texas, Vin afirma que os modelos educacionais tradicionais foram concebidos para um mercado estável, em que o conhecimento adquirido na graduação podia ser utilizado por décadas. Hoje, as mudanças tecnológicas demandam aprendizado contínuo (lifelong learning) e rápida adaptação. “As habilidades técnicas se tornarão obsoletas mais rapidamente. O sistema educacional não está preparando todos para isso, infelizmente”, alertou.

O papel dos profissionais, disse ele, deixará de ser apenas executar funções e passará a incluir treinar e supervisionar máquinas, com a criatividade ganhando espaço como competência central.

Vin defende que pessoas e máquinas devem trabalhar lado a lado, ampliando mutuamente suas capacidades. Com softwares mais inteligentes desenvolvidos em ciclos cada vez menores, o diretor de tecnologia prevê que as atividades de um profissional podem mudar completamente em poucos meses.

Ferramentas como ChatGPT e Copilot representam a primeira onda de inovações, com foco em produtividade e automação. Mas ele acredita que as próximas fases da IA serão voltadas ao empoderamento humano, permitindo que profissionais com pouca experiência alcancem rapidamente o desempenho de veteranos. “Será como ter um gênio trabalhando como parceiro. Meu parceiro gênio pode me tornar um CTO melhor, um cientista melhor? Eu acho que a resposta é sim. E é isso que está chegando.”

Para o executivo, as organizações mais dinâmicas, aquelas que se reinventarem a cada um ou dois anos e adotarem novas práticas de trabalho com o apoio da tecnologia — terão mais chances de sobreviver. As demais, afirma, correm risco de ficar para trás.

Ele reforça que a capacidade de antecipar inovações será determinante para o sucesso das empresas. “Toda tecnologia torna certos empregos menos importantes e cria novos mais relevantes. O desafio é garantir que todos acompanhem essa transição”, concluiu.

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