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ACIDENTE DE TRÂNSITO

Um impacto, um poste e o fim de uma vida: a crônica do acidente na Duque de Caxias

Motociclista morre após perder controle da moto e bater em barreira de proteção na avenida Duque de Caxias, em Campo Grande

14 setembro 2024 - 21h12Elton Pereira
Equipe da Polícia Civil isola a área após acidente fatal envolvendo motociclista na avenida Duque de Caxias, em Campo Grande
Equipe da Polícia Civil isola a área após acidente fatal envolvendo motociclista na avenida Duque de Caxias, em Campo Grande - Foto: Reprodução Internet

Madrugada de sábado (14), as ruas de Campo Grande estão quase vazias. A avenida Duque de Caxias, uma das principais vias da cidade, se estende silenciosa sob o céu sul-mato-grossense, iluminada pelos faróis de alguns poucos carros. Nessa quietude, um barulho rompe o silêncio: o som de uma motocicleta acelerando, seguido por um estrondo seco e violento. Um motociclista, ainda não identificado, perde o controle de sua moto, bate com força em uma barreira de proteção e, na sequência, colide com um poste. A moto, que até então cortava a noite com o ronco do motor, para bruscamente. O motociclista é arremessado para o outro lado da pista, sem vida.

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Essa poderia ser mais uma história trágica de um acidente comum no trânsito de qualquer cidade brasileira. Poderia, mas para a vítima e seus familiares, é uma história que marca o fim abrupto de uma vida. O que leva alguém a perder o controle de uma motocicleta em uma avenida deserta? Uma falha mecânica? Um erro humano? O sono que pesa nos olhos? A resposta ainda não se sabe, e talvez nunca se saiba completamente.

Local do acidente na avenida Duque de Caxias, onde um motociclista perdeu o controle e colidiu contra a barreira de proteçãoLocal do acidente na avenida Duque de Caxias, onde um motociclista perdeu o controle e colidiu contra a barreira de proteção.

Uma morte e muitas perguntas - A Polícia Civil foi chamada para atender à ocorrência. A cena do acidente estava ali, no asfalto, e os peritos se esforçavam para montar um quebra-cabeça em que a peça principal, o motociclista, não poderia mais contar o que aconteceu. Não havia testemunhas oculares para explicar o momento em que tudo saiu de controle. A motocicleta destruída repousava, silenciosa, em um canto da avenida. Tudo o que restava era conjectura: teria sido alta velocidade? Um desvio mal calculado? A verdade, sempre desconcertante, muitas vezes é um somatório de erros, pequenos e aparentemente insignificantes, que se acumulam até que a tragédia se desenhe.
O corpo foi encaminhado para o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL), onde uma última inspeção tentaria oferecer alguma explicação para o acidente. Enquanto isso, mais uma morte entra nas estatísticas frias dos acidentes de trânsito da capital sul-mato-grossense.

O trânsito de Campo Grande: uma crônica repetida - Não se sabe se o motociclista que perdeu a vida naquela madrugada havia bebido, ou se simplesmente subestimou o perigo da avenida. O que se sabe é que ele se tornou parte de uma crônica que se repete quase diariamente: a das mortes no trânsito.
A avenida Duque de Caxias, por onde ele trafegava, é uma das principais ligações entre o centro e a região militar de Campo Grande. Durante o dia, o tráfego é intenso, misturando caminhões, carros e, claro, motocicletas. À noite, o cenário muda. As ruas largas ficam praticamente desertas, e os poucos veículos que por ali passam parecem se sentir donos da pista. A tragédia, porém, não se importa com o vazio ou o movimento. Ela encontra seu espaço quando menos se espera.

O risco invisível - O caso desse motociclista desconhecido pode não atrair muita atenção. Afinal, acidentes de trânsito são corriqueiros, quase banais, num Brasil onde, segundo dados do DataSUS, cerca de 33 mil pessoas morrem por ano em colisões nas ruas e estradas. Para quem nunca esteve perto de um, a ideia de uma morte no asfalto é distante, algo que "não acontece comigo". Mas para aqueles que ficam — familiares, amigos, conhecidos — o impacto é devastador.
E o que dizer dos números crescentes de mortes envolvendo motociclistas? Eles são o grupo mais vulnerável no trânsito, sujeitos a todo tipo de perigo, desde a imprudência de outros motoristas até as armadilhas das próprias estradas. Para muitos, a moto é mais do que um veículo: é uma ferramenta de trabalho, uma forma de sustento. Mas, como sabemos, é também uma das formas mais arriscadas de se locomover.

O futuro das ruas de Campo Grande - Com o aumento das frotas de veículos e motocicletas em cidades como Campo Grande, o trânsito se torna um cenário de conflitos permanentes entre segurança e velocidade, entre pressa e prudência. E a cada novo acidente, como o que tirou a vida desse motociclista, a discussão sobre políticas de segurança no trânsito ganha urgência.
As campanhas de conscientização parecem não ser suficientes. Todos os dias, novos motoristas, ciclistas e motociclistas entram nesse tabuleiro imprevisível, acreditando que estão no controle. Mas o controle é sempre parcial, e a qualquer momento pode ser perdido, como aconteceu na madrugada de sábado, na Duque de Caxias, onde um homem, ainda sem nome, fez sua última viagem.

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