
Um ataque ucraniano destruiu parte de um importante oleoduto na região de Moscou, responsável por abastecer o Exército russo com combustível. A operação, conduzida na noite de sexta-feira (31) e confirmada neste sábado (1º) pelo serviço de inteligência militar da Ucrânia (HUR), é considerada um “golpe sério” na logística russa.
Segundo o comunicado da HUR no Telegram, o alvo foi o oleoduto Koltsevoy, que se estende por cerca de 400 quilômetros e transporta gasolina, diesel e combustível de aviação das refinarias de Ryazan, Nizhny Novgorod e Moscou. As explosões ocorreram perto do distrito de Ramensky, destruindo as três linhas de abastecimento.
A estrutura tinha capacidade anual para movimentar 3 milhões de toneladas de combustível de aviação, 2,8 milhões de toneladas de diesel e 1,6 milhão de toneladas de gasolina, de acordo com a inteligência ucraniana. O chefe da HUR, Kyrylo Budanov, afirmou que os ataques “tiveram mais impacto do que as sanções” impostas à Rússia desde o início da invasão em 2022.
Enquanto o oleoduto era atingido, as forças russas intensificavam a ofensiva na cidade de Pokrovsk, no leste da Ucrânia, um dos principais pontos de resistência na região de Donetsk. O Ministério da Defesa da Rússia afirmou ter derrotado uma equipe das forças especiais ucranianas enviada para conter o avanço de Moscou.
A Ucrânia contesta essa versão. O porta-voz das forças ucranianas, Hryhorii Shapoval, declarou à AP que a situação na cidade é “difícil, mas sob controle”. Já o presidente Volodymyr Zelenskyy admitiu que tropas russas conseguiram se infiltrar em alguns pontos de Pokrovsk, mas garantiu que “as unidades invasoras estão sendo eliminadas”.
Zelenskyy informou que cerca de 170 mil soldados russos foram deslocados para a região de Donetsk em uma tentativa de capturar completamente a cidade, que tem grande importância estratégica e simbólica para Moscou.
Bombardeios e novas ofensivas
Além dos combates no leste, a Rússia manteve ataques aéreos durante a madrugada. Um míssil Iskander atingiu a região de Mykolaiv, no sul da Ucrânia, matando um civil e ferindo 15 pessoas, entre elas uma criança. Outro ataque provocou um incêndio em uma usina de gás em Poltava, no centro do país.
Segundo a Força Aérea da Ucrânia, Moscou lançou 223 drones entre a noite de sexta e a manhã deste sábado; 206 foram abatidos, mas 17 atingiram alvos em sete regiões. A Rússia também bombardeou uma empresa agrícola em Chernihiv, no norte, ferindo uma mulher de 66 anos.
Os ataques ocorrem em meio ao que Kiev classifica como uma campanha de “terror energético sistemático”, que tem causado apagões e racionamentos em várias regiões do país.
Enquanto isso, o presidente Vladimir Putin tenta demonstrar força militar e persuadir os Estados Unidos de que a Ucrânia não tem condições de resistir à ofensiva russa, reforçando o discurso de que a Rússia busca consolidar o controle total do Donbas, região que compreende as províncias de Luhansk e Donetsk.

