
Nesta segunda-feira (11), às 23h, a TV Brasil apresenta um novo episódio do Caminhos da Reportagem com o tema “Adolescência conectada ao perigo”. A produção investiga como a internet tem facilitado o envolvimento de crianças e adolescentes em comportamentos de risco e até em crimes.

No Brasil, 95% dos jovens entre 9 e 17 anos estão conectados, cerca de 25 milhões de usuários. Apesar das restrições etárias de plataformas como Discord (13+), TikTok (14+), Instagram/Facebook (16+) e X/Twitter (18+), o acesso permanece praticamente sem fiscalização.
Segundo Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil, os riscos vão desde desafios virtuais perigosos até conexões com criminosos. “Por meio de um celular, eles podem acessar conteúdos de extrema violência, se conectar com criminosos e até serem recrutados”, alerta.
Especialistas como a psiquiatra Gianna Guiotti e a médica Evelyn Eisenstein, da Sociedade Brasileira de Pediatria, destacam que a busca por aceitação e a influência das redes podem funcionar como uma “droga digital”.
Casos reais e sinais de alerta
O programa apresenta relatos como o de um jovem de 18 anos que planejou um ataque a uma escola em Vitória (ES) após se envolver com grupos virtuais, e o de Timpa, que foi cooptado por extremistas com discursos misóginos e racistas, sofrendo ameaças ao tentar se desligar.
Para o procurador Fábio Costa Pereira, do Ministério Público do RS, pais e responsáveis devem ficar atentos a mudanças bruscas de comportamento, isolamento e longos períodos de tempo conectados.
No Ciberlab, do Ministério da Justiça, crimes virtuais são monitorados 24 horas. O coordenador Alessandro Barreto alerta para casos extremos de violência e abuso praticados em ambiente online. Em São Paulo, a delegada Lisandrea Colabuono reforça que o cyberbullying pode ser gatilho para automutilações.
Nos últimos seis meses, o núcleo paulista monitorou 300 alvos e salvou mais de 120 vítimas. Para Luiza Teixeira, do Unicef, existem ferramentas capazes de bloquear conteúdos abusivos, mas falta legislação que obrigue as empresas de tecnologia a usá-las.
Prevenção e capacitação
Após ataques a escolas, o MP do RS passou a treinar educadores para identificar sinais de risco. Em um caso relatado, a ação rápida de uma diretora evitou uma tragédia.
Entre os sinais que merecem atenção estão isolamento repentino, interesse por violência, alterações no sono e na alimentação, sedentarismo, irritabilidade e agressividade. “Esses comportamentos acendem uma luz de alerta”, enfatiza Evelyn Eisenstein.
