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04 de novembro de 2025 - 20h38
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ETNOTURISMO

Turismo indígena avança em Nioaque com apoio do Sebrae e Fundtur

Comunidades Terena e Atikum recebem referência de Mato Grosso e aceleram criação de roteiro turístico próprio com foco em sustentabilidade e cultura

4 novembro 2025 - 18h05Redação
Diálogo sobre o fortalecimento do etnoturismo reuniu comunidades indígenas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em Bonito (MS), promovendo a troca de experiências sobre como estruturar produtos turísticos autênticos, alinhados aos valores e ritmos de cada
Diálogo sobre o fortalecimento do etnoturismo reuniu comunidades indígenas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em Bonito (MS), promovendo a troca de experiências sobre como estruturar produtos turísticos autênticos, alinhados aos valores e ritmos de cada - (Foto: Divulgação)
Terça da Carne

Na última semana de outubro, Bonito deixou de ser apenas um dos destinos mais famosos do Brasil para se tornar ponto de encontro entre dois mundos que caminham para um mesmo objetivo: construir um turismo mais justo, sustentável e enraizado nas tradições. De um lado, os Haliti-Paresí, indígenas do Mato Grosso reconhecidos por sua organização no turismo de base comunitária. Do outro, os Terena e Atikum, de Nioaque, Mato Grosso do Sul, que estão em pleno processo de estruturação de um plano de visitação para suas aldeias.

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O encontro aconteceu no Polo Sebrae de Ecoturismo, com apoio da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur/MS), e foi mais do que uma troca de experiências. Foi um aprendizado mútuo que atravessou rios, trilhas e rodas de conversa. O foco? Estruturar um turismo que respeite os ritmos e valores indígenas, gere renda e preserve a identidade dos povos.

Para quem chegou de Campo Novo do Parecis (MT), a recepção foi calorosa. Logo ao pisar em Bonito, a comitiva — formada por representantes da Secretaria Municipal de Turismo e indígenas Haliti-Paresí — foi recebida pelas lideranças das aldeias Brejão, Cabeceira, Água Branca, Taboquinha e Vila Atikum, todas localizadas em Nioaque. “Foi uma aula de vida. Eles mostraram que é possível desenvolver o turismo sem perder a essência”, disse Thiago Souza, da Aldeia Cabeceira.

A programação incluiu diálogos no Polo Sebrae de Ecoturismo, que promove visitas técnicas e experiências imersivas voltadas a aproximar gestores, empreendedores e comunidades de diferentes regiões que atuam com o turismo sustentável.A programação incluiu diálogos no Polo Sebrae de Ecoturismo, que promove visitas técnicas e experiências imersivas voltadas a aproximar gestores, empreendedores e comunidades de diferentes regiões que atuam com o turismo sustentável.

No caminho, visitaram o Balneário Municipal, o Estrela do Formoso e participaram de oficinas que conectaram práticas sustentáveis, cultura e gestão comunitária. A programação também contou com apresentações da Secretaria de Turismo de Bonito, detalhando o modelo local de governança do ecoturismo — um dos mais elogiados do país.

Para os povos de Nioaque, o plano de visitação, que será lançado no próximo dia 29 de novembro, representa um marco. Desde janeiro, com a ajuda do Sebrae/MS, as comunidades vêm se preparando para receber turistas. A ideia é que cada aldeia possa oferecer experiências autênticas, com grafismo corporal, trilhas, banhos de rio, culinária, música e muito diálogo.

Do lado mato-grossense, os Haliti-Paresí vêm colhendo frutos. Com o projeto Menane Haliti Etnoturismo, recebem visitantes em cinco aldeias, por meio de uma agência receptiva instalada em Tangará da Serra. O sucesso da iniciativa, que conta com o aval da Funai, mostrou aos indígenas sul-mato-grossenses que é possível transformar território em oportunidade, sem abrir mão da cultura.

Grafismo é uma das atividades disponibilizadas aos visitantes pelo povo Haliti-Paresí. Imagem: projeto Menane Haliti EtnoturismoGrafismo é uma das atividades disponibilizadas aos visitantes pelo povo Haliti-Paresí. Imagem: projeto Menane Haliti Etnoturismo

“Somos brasileiros, cidadãos, e temos o direito de nos desenvolver economicamente. Só precisamos de oportunidades”, disse Adylson Muzuiwane, Haliti-Paresí. Nalva Atikum, da Aldeia Vila Atikum, completou: “Foi mais que um evento. Foi uma vivência. Saímos fortalecidos.”

O gerente regional do Sebrae/MS, Matheus Oliveira, destacou que a agenda reforça o papel da instituição em conectar realidades e estimular o aprendizado conjunto. Já o diretor de turismo de Bonito, Elias Oliveira, lembrou que compartilhar práticas bem-sucedidas também é uma forma de preservar o meio ambiente e valorizar as pessoas.

Com o apoio da Fundtur e do Sebrae, o etnoturismo em Nioaque começa a ganhar forma — e força. O roteiro que está por vir poderá colocar as aldeias da região no mapa dos destinos sustentáveis do Brasil, com protagonismo indígena e respeito às raízes.

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