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Trump recua sobre sanções à Rússia e volta a atacar dados econômicos de Biden

Em coletiva no Salão Oval, presidente dos EUA evita confirmar encontro com Putin e Zelensky e questiona números de emprego do governo anterior

7 agosto 2025 - 17h00Pedro Lima
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - (Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a adotar um tom ambíguo em relação à Rússia nesta quinta-feira, 7, ao minimizar o prazo que ele próprio havia estabelecido para que o presidente russo, Vladimir Putin, encerrasse o conflito na Ucrânia. O prazo, que vence nesta sexta-feira, 8, serviria de limite para a aplicação de novas sanções americanas contra Moscou, mas agora parece perder força.

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“Vai depender de Putin”, respondeu Trump, quando foi pressionado novamente por jornalistas sobre as ações que pretende tomar após o fim do prazo. A fala ocorreu durante uma coletiva de imprensa convocada de última hora no Salão Oval, onde o presidente aproveitou também para fazer críticas à economia sob o governo de Joe Biden.

Questionado sobre a possibilidade de uma reunião com Putin e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, Trump evitou confirmar qualquer encontro e negou que a reunião entre os dois líderes seja uma pré-condição para diálogo com o Kremlin.

“Putin não precisa se encontrar com Zelensky antes de se encontrar comigo”, declarou Trump, sinalizando mais uma vez sua disposição em manter linhas de diálogo diretas com o presidente russo — mesmo em meio à tensão causada pela guerra na Ucrânia e à pressão internacional por uma solução diplomática.

A declaração contraria um posicionamento anterior da própria Casa Branca, que havia condicionado o encontro à realização prévia de uma conversa entre Putin e Zelensky.

Pressão sobre a Índia e pausa nas negociações comerciais

Em relação às tensões comerciais com a Índia, Trump afirmou que não há previsão de retomar as conversas enquanto os impasses atuais não forem solucionados. “Não haverá novas negociações até que tudo seja resolvido”, limitou-se a dizer, sem detalhar a quais temas se referia. O país asiático está no radar dos EUA após a ameaça de tarifas adicionais de 25% que, segundo fontes do governo, podem ser impostas nas próximas semanas.

Trump desafia dados do governo Biden

Durante o evento, o presidente americano desviou o foco dos temas geopolíticos e apresentou o que chamou de “grande anúncio econômico”. Mostrando gráficos à imprensa, Trump afirmou que os dados do Escritório de Estatísticas do Trabalho dos EUA (BLS) foram “superestimados” durante o governo Biden, especialmente no que diz respeito à geração de empregos.

Ao seu lado, o economista Stephen Moore (um dos conselheiros econômicos de Trump) declarou que, com base em novos levantamentos, o BLS teria inflado em 1,5 milhão o número de empregos criados no período anterior. Nenhuma fonte oficial ou metodologia alternativa foi apresentada para sustentar a alegação.

“Esses dados não refletem a realidade da economia americana. Eles foram manipulados para parecerem melhores do que eram”, disse Moore, alinhando-se à narrativa de Trump de que o desempenho econômico do governo Biden foi artificialmente valorizado.

Demissão no BLS eleva clima de tensão institucional

Na semana anterior, Trump já havia causado polêmica ao demitir a então chefe do BLS, acusando-a publicamente de manipular dados econômicos para favorecer o governo anterior. A decisão foi recebida com forte reação por parte de economistas e ex-funcionários da agência, que defenderam a integridade técnica do órgão.

A ação intensificou o debate sobre o uso político das estatísticas públicas e gerou preocupações sobre a independência dos órgãos técnicos federais.

Discurso em clima eleitoral

Os posicionamentos de Trump vêm em um momento de crescente movimentação eleitoral nos EUA, com o presidente tentando reforçar a narrativa de que herdou uma economia inflada por dados falsos e um cenário internacional desgastado pelas escolhas diplomáticas de Biden.

Ao desafiar os números oficiais e adotar uma postura mais tolerante com Moscou, Trump busca se reposicionar como um líder capaz de “renegociar” a imagem externa dos Estados Unidos e restaurar o controle econômico, dois temas centrais de sua campanha.

Ainda assim, analistas alertam que o tom oscilante do presidente em relação à Rússia e à guerra na Ucrânia pode comprometer o posicionamento internacional dos EUA e gerar incertezas nos mercados.

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