O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu que Nicolás Maduro deixasse imediatamente o cargo de presidente da Venezuela e aceitasse o exílio em uma ligação direta entre os dois líderes, ocorrida na semana passada. A conversa, segundo informações do jornal Miami Herald, teve como objetivo evitar um confronto militar entre os dois países e foi intermediada por Brasil, Catar e Turquia.
Durante a ligação, Trump ofereceu a Maduro, sua esposa Cilia Flores e seu filho a possibilidade de exílio seguro, desde que ele renunciasse e permitisse o restabelecimento da democracia no país sul-americano. A iniciativa foi interpretada como uma tentativa de última hora para evitar uma ação militar dos Estados Unidos no território venezuelano.
Tensões aumentam com ameaças de operação militar - A conversa ocorreu em meio a declarações de Trump indicando que operações por terra contra narcotraficantes venezuelanos seriam iniciadas "muito em breve". Em um pronunciamento por videochamada no Dia de Ação de Graças, o presidente americano afirmou que cerca de 85% do tráfico marítimo de drogas já havia sido interrompido, e que novas ações estavam sendo preparadas.
Washington já classificou o "Cartel de los Soles", supostamente liderado por Maduro, como organização terrorista, o que elevou o nível de alerta sobre um possível confronto.
O Miami Herald detalhou que as negociações entre EUA e Venezuela emperraram em três pontos principais: o pedido de Maduro por uma "anistia global" para crimes cometidos por ele e seus aliados, a exigência de manter controle sobre as Forças Armadas mesmo após eleições livres, e a discordância sobre o prazo de saída do poder. Trump exigiu uma renúncia imediata, o que foi rejeitado por Maduro.
Entre os destinos cogitados para o possível exílio do ditador venezuelano estão Cuba, Irã, Rússia e Turquia.
Trump fecha espaço aéreo e endurece discurso - Após a ligação, Trump publicou no sábado (29), em sua rede Truth Social, um alerta recomendando que companhias aéreas, pilotos e organizações ligadas ao tráfico de drogas ou de pessoas evitem sobrevoar o espaço aéreo da Venezuela, que ele classificou como “completamente fechado”.
"A todas as companhias aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas, por favor considerem o fechamento completo do espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela. Obrigado pela atenção a este assunto!", escreveu o presidente.
Fontes próximas ao regime chavista afirmam que, após a publicação, Caracas tentou retomar contato com Washington, sem sucesso.
Confirmação oficial - A ligação entre Trump e Maduro foi inicialmente revelada pelo The New York Times na sexta-feira (28). No domingo (30), Trump confirmou a conversa a jornalistas durante voo no Air Force One, após passar o feriado de Ação de Graças na Flórida. "Não quero comentar sobre isso. A resposta é sim", disse Trump. "Não diria que a ligação foi bem ou mal… foi apenas uma chamada telefônica."
Segundo relatos, o secretário de Estado Marco Rubio também participou da ligação. Ele é um dos principais críticos do regime de Maduro dentro do governo americano.
